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Sobre as repercussões industriais e económicas da aposta em indústria química



Por tocar em quase tudo o que é produzido (95% do que é fabricado no Planeta abriga produtos ou substâncias oriundos da indústria química), a aposta em indústria química não é inócua para o desenvolvimento de outras áreas industriais na sua envolvência, refletindo-se por consequência nos indicadores económicos das zonas circundantes.

Um exemplo que pode ser analisado a este respeito foi o pólo industrial de Sines, que se centrou na construção da refinaria de Sines (Galp Energia) e de um porto marítimo que a suportasse. Este investimento estrutural trouxe empresas como a Repsol Polímeros, a Artlant, a Carbogal (Evonik) ou a Sonae Indústria. (Consulte-as no Mapa da Indústria). Contudo trouxe também o desenvolvimento económico local, do qual se esperam repercussões mais amplas na região interior do Alentejo.

A este respeito, leia-se o seguinte recorte, extraído do trabalho intitulado "O Contributo de Sines na Eclosão de um Cluster Regional", da autoria de Paulo Moreira (2013), de onde se extraiu o seguinte recorte:

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"Em 1971 foi tomada a opção de se construir uma nova refinaria de grande dimensão no sul do país, em local que reunisse as condições de um porto de águas profundas para realizar operações de acolhimento de grandes petroleiros, procedendo-se posteriormente à reexportação de refinados. 

Este empreendimento faria com que o país visse aumentada a sua capacidade de refinação com a qual se iriam lançar as bases duma indústria petroquímica diversificada. Era um projeto que se pretendia integrado, dotado de instalações e equipamentos apropriados, de modo a atrair a instalação de outras atividades industriais. A visão subjacente era pois de teor “concentracionista” com o melhor ordenamento do território como base dos princípios do progresso harmónico e equilibrado de todas as regiões. 

Sines representou uma tentativa de criação de um polo de desenvolvimento cuja vantagem seria a suscetibilidade de atenuar a forte atração exercida pelas cidades de Lisboa e Porto e de contrariar os efeitos geradores de deseconomias que estas regiões, já na altura congestionadas, começavam a apresentar. 

No entanto, Sines representou efetivamente uma situação de industrialização local sem promover desenvolvimento regional e não se constituiu como um centro dinamizador do(s) Alentejo(s) ou do sul do país. Os efeitos da sua presença apenas se fizeram sentir na faixa litoral, proporcionando indicadores económicos surpreendentemente dissentâneos da realidade do interior: é uma região que apresenta quer um PIB per capita quer um PIB por pessoa empregada invejável, em termos nacionais. 

O que esses indicadores traduzem em bem-estar e desenvolvimento económico é o que se pretende replicar para a  dimensão regional"