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Sobre fibras de celulose de eucalipto, e a sua mais-valia na indústria automóvel, mobiliário e de outros bens de consumo




Surgido de uma parceria entre o Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) da Universidade do Minho, o Grupo Portucel Soporcel e o Instituto de Investigação da Floresta e Papel (RAIZ), o projeto Valorcel permitiu desenvolver sistemas poliméricos reforçados com fibra de celulose, valorizando a aplicação em produtos ecossustentáveis. 

“Estudámos a incorporação de fibra natural de eucalipto, proveniente do processo de produção de pasta de papel, para o reforço de sistemas poliméricos, melhorando de forma muito significativa o seu desempenho mecânico e ambiental”, revela Bruno Pereira da Silva, investigador do PIEP e diretor do projeto. Através do processo de moldação por injeção, foi possível obter uma consola, utilizando os biocompósitos de PP e PLA (com 30% de celulose), mais ecológicos e resistentes do que as soluções existentes.

O objetivo fundamental deste consórcio foi desenvolver compósitos poliméricos cuja integração de fibra natural, nomeadamente a celulose de eucalipto, e a respetiva melhoria do comportamento mecânico, se adequem às aplicações finais de maior exigência a nível de sustentabilidade dos materiais aplicados. O responsável explica que “a fibra de celulose, que deriva da produção de pasta de papel, é combinada com diferentes polímeros sintéticos e biodegradáveis, sendo depois o seu comportamento otimizado, sobretudo para aplicações específicas como em componentes para a indústria automóvel, mobiliário e bens de consumo, por exemplo”.

A pertinência desta linha de investigação e desenvolvimento sustenta-se nas normas de certificação ambientais implementadas em determinados setores industriais e também na constante procura da performance aliada à sustentabilidade. Estas ideias-chave têm levado à introdução de materiais mais ecossustentáveis em componentes plásticos, reduzindo o mais possível o seu impacto ambiental. "Por isso, a substituição de componentes por equivalentes de compósitos de fibras de celulose torna-se uma alavanca para a competitividade, quando baseada no custo e desempenho das matérias-primas”, avança Bruno Pereira da Silva.

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Na fábrica de Cacia, em Aveiro, o material lenhoso do eucalipto descascado é destroçado e transformado em aparas de madeira, seguindo-se o cozimento, a lavagem e o branqueamento, resultando daí uma pasta. Esta pasta é então submetida a uma série de testes físicos, químicos e mecânicos no RAIZ, que permitem otimizar a compatibilidade entre a fibra e o polímero. Posteriormente, a pasta de papel é enviada para o PIEP que, após a secagem, efetua a mistura da fibra e do polímero num processo de extrusão de materiais, dando origem a um biopolímero mais resistente e ecológico. De seguida, procede-se a testes de caracterização do biopolímero, essencialmente, de resistência mecânica.