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Sobre a descida do preço do petróleo entre 2014 e 2015: causas e consequências



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Tal como se pode verificar na imagem abaixo, publicada originalmente no New York Times, a relação entre o preço do petróleo e a quantidade de barris de petróleo produzida mundialmente tem tudo menos uma correlação lógica, sobretudo se nos concentrarmos no que sucedeu no espaço de uma década a contar a partir de 2004. Neste período, verificaram-se aumentos de até 240% no preço do barril petróleo (2011 vs. 2004), para um aumento de produção de apenas 3%. 

Por outro lado, a mesma figura permite também perceber que a cotação do barril de petróleo em 2015 cifrou-se em valores que parecem respeitar a tendência de preços que se verificava no período anterior a 2004. Veja-se: se nos concentrarmos nos valores "preço vs. produção" dos anos de 1996, 2000, 2004 e 2015, observa-se uma boa tendência linear.

Assim, o período que vai de 2005 a 2014 foi marcado pelo que parece ser um comportamento anómalo das cotações. Em termos práticos, levou a maiores custos para o utilizador final, mas também ao florescimento de reforçadas discussões e esforços sobre alternativas ao petróleo, o que certamente tem um efeito positivo e consequente no rumo tecnológico que estamos a trilhar.




Atentando agora um pouco mais na realidade mais recente, a queda abrupta do preço do barril de petróleo entre 2014 e 2015 não afeta os diferentes produtores da mesma forma. De fato, a cada nação está associado um custo de produção distinto, o que significa que as taxas de lucro ou prejuízo são diferentes de país para país.


A este respeito, o gráfico abaixo é particularmente elucidativo, dado que hierarquiza o custo de produção inerente aos diferetnes países produtores de petróleo. Neste sentido o custo de produzir um barril de petróleo oscila entre cerca de 70 dólares na Nigéria, e 10 dólares no Kuwait. As várias nações do médio oriente, nomeadamente a Arábia Saudita (~15 dólares/barril), Iraque (~23 dólares/barril), e o Irão (~28 dólares/barril), são as únicas que no presente ano de 2016, com a cotação do barril de petróleo a cerca de 37 dólares/barril, continuam a registar lucros na produção de petróleo. Todos os outros registam prejuízo.

Torna-se claro que as crises económicas vividas em países como a Venezuela ou o Brasil (e outros), estão certamente ligadas (não só mas também) à perda de competitividade que a exploração do petróleo representa no presente momento para estes países.

Por outro lado, também se torna evidente que a incorrência em prejuízos por parte das várias nações não pertencentes ao Médio-Oriente é um sinal de que não apenas o preço exageradamente alto do petróleo deve desencadear sérios esforços no sentido de se implementar alternativas a este combustível fóssil.




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