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Sobre a eng. química Esmeralda Dourado, e um percurso envolvendo a indústria do vidro, automóvel, banca, e política




"A gestora e [engenheira química] Esmeralda Dourado foi sondada para vir a assumir a presidência da Caixa Geral de Depósitos, no triénio 2016-2018, mas recusou essa possibilidade (...).

Licenciada pelo Instituto Superior Técnico em Engenharia Química Industrial e certificada pela Universidade de Harvard em “Advanced Corporate Finance”, Esmeralda Dourado iniciou a sua carreira como professora do primeiro curso de Tecnologia Têxtil em Portugal. Nos anos 90, o seu caminho profissional mudou para a banca, assumindo o cargo de vice-presidente do Citibank em Portugal e posteriormente assumiu funções executivas nos conselhos de administração dos bancos Fonsecas & Burnay, União de Bancos Portugueses e Interbanco. Foi nomeada CEO do Grupo SAG em 2000 e Presidente da SAG Brasil em 2001."



Ainda no quadrante político, Esmeralda Dourado foi também membro da direção de campanha de Marcelo Rebelo de Sousa, eleito Presidente da República de Portugal no ano de 2016.


  • O PERCURSO PROFISSIONAL DE ESMERALDA DOURADO

"Esmeralda Dourado é hoje um exemplo para o tecido empresarial português e para a sociedade civil. Percorreu um longo caminho desde que entrou, aos 25 anos, na fábrica vidreira Covina.
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A carreira da actual administradora da SAG, o maior grupo de distribuição automóvel em Portugal - que representa marcas como a Audi e a Lamborghini -, começou logo a seguir à faculdade, como professora da Universidade da Beira Interior. Não era bem esse o seu objectivo, mas, quando se viu confrontada com a oportunidade de trabalhar, aceitou. Na verdade, Esmeralda Dourado, formada em Engenharia Química no Instituto Superior Técnico, queria mesmo era entrar na indústria.
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Chegou a enviar "centenas de currículos" e a "andar por tudo o que era empresas" para se candidatar. Mas, muitas vezes, "nem conseguiu chegar às direcções de recursos humanos", conta. O objectivo acabou por se cumprir mais tarde, em dose dupla. 
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Decidiu-se pela Covina, onde entrou aos 25 anos, como adjunta da produção de vidro temperado. Naquela fábrica, onde trabalhavam mais 200 pessoas, pôde "ter ideias", como a de uma estufa de vidro para usar na agricultura ou projectos de conservação de energia. Nesta fase, já como responsável do gabinete de desenvolvimento.

Mas, a certa altura, sentiu que o percurso se tinha "esgotado" e tornou-se investidora nas horas vagas. Filha única, diz que essa inclinação é um legado do pai, de quem herdou o capital para se lançar nos mais variados negócios. De um deles sente especial orgulho. Em parceria com o Ministério da Agricultura francês, trouxe a primeira plantação de espargos para Portugal. Trabalhava nestes projectos noite dentro e ao fim-de-semana porque só deixou a Covina em 1985, quando Pedro Homem, escolhido pelo Citibank para abrir uma delegação do banco em Portugal,lhe começou a ligar insistentemente porque lhe queria fazer uma entrevista de emprego.

Não sabe bem definir porquê, mas aceitou o desafio e, a partir daí, manteve-se na banca. Do Citibank passou para o Fonsecas & Burnay, numa altura em que se preparava a privatização da instituição financeira. Depois, entrou no Banco Privado Atlântico, de onde saiu na sequência de uma oferta pública de aquisição do actual Millennium BCP. Até que foi convidada por João Pereira Coutinho, principal accionista da SAG, para entrar no Interbanco, entretanto vendido ao espanholSantander.

É só em 2000 que abandona a banca definitivamente e se dá uma nova inversão na carreira da empresária. Entra directamente na SAG, onde sobe a presidente. Mais recentemente, entrou no que chama "second life [segunda vida]" e assumiu o cargo de administradora não executiva. Esmeralda Dourado quer servir de exemplo, mas não de forma paternalista. "Ganhei algumas coisas, perdi outras." Esteve três vezes desempregada, uma delas durante oito meses. Hoje, aos 58 anos, continua "a plantar sementes". Vai investindo em alguns projectos."