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Sobre a empresa Amyris, presidida pelo português John Melo, e a produção de combustíveis e outros produtos sustentáveis através de biotecnologia



Liderada pelo português John Melo, que reside nos EUA desde 1973, a Amyris é uma empresa cotada na bolsa americana Nasdaq, que "tem trabalhado – e é uma das líderes no mundo – em biologia sintética (a capacidade de modificar ADN). " Mais objectivamente, a Amyris dedica-se a programar "o ADN de micro-organismos da mesma maneira que programamos o software para um computador."


Usam "como matéria-prima, para esses micro-organismos, o xarope extraído da cana-de-açúcar, que o convertem em produtos como cosméticos, aromas, aromatizantes, combustível para aviões, polímeros para pneus – são muitos produtos diferentes que usamos em todo o mundo."

Segundo Melo, "Tínhamos um objetivo para 2016: criar um centro de biotecnologia. A ideia de que o faríamos com a Católica veio depois do objetivo inicial. Depois de conhecer as capacidades da Católica, apercebemo-nos que era a melhor universidade para criar este hub em Portugal. Fazê-lo em Portugal, no Porto, e torná-lo um centro europeu para a bioenergia e bioprodutos."


Acrescenta que "o objetivo é fazer investigação aplicada, e não investigação básica. Isto é realmente importante: não estamos a fazer Ciência para desenvolver nova Ciência, estamos a fazer Ciência para desenvolver produtos agora. E esperamos ter novos produtos, para as companhias europeias, a sair daquele instituto de investigação todos os anos."


Antes de presidir à Amyris, John Melo trabalhou durante 
cerca de uma década na britânica BP e, numa fase mais inicial da carreira,
 foi também colaborador da consultora Ernst & Young


De entre o portfólio de produtos, destaque para os produtos afetos ao setor dos combustíveis: ". Temos um gasóleo renovável, líder a nível mundial, que vendemos para os autocarros de São Paulo – chamamos-lhe “diesel de cana” [projeto Biofene]. É o único combustível renovável que a Mercedes permite que a cidade de São Paulo use nos autocarros da marca. Este é um exemplo de como a performance do produto é melhor dos derivados do petróleo atuais."


"E temos um combustível renovável para aviões em parceria com a Total, a petrolífera francesa. A Total detém 30% da Amyris, são a nossa maior acionista, e acreditamos que os nossos combustíveis renováveis, tanto o gasóleo como o combustível para aviões, são os melhores combustíveis a nível de desempenho disponíveis hoje em dia em todo o mundo. O desafio é conseguir ter preços competitivos em relação ao crude, mas esperamos chegar lá até 2020-2021."


E como começou, afinal a Amyris? 

"A nossa empresa começou com uma ideia de que podíamos modificar micro-organismos, neste caso leveduras – as mesmas leveduras que fazem o pão, cerveja ou vinho -, alterando o ADN e programá-los para produzir os produtos que queremos. E esse foi um projeto que partilhámos com a Fundação Gates: reduzir os custos do medicamento mais importante no tratamento da malária de maneira a podermos salvar mais crianças. A Fundação Bill e Melinda Gates acharam que era uma boa ideia e financiaram a empresa, juntamente com outras organizações, num total de 42 milhões de dólares [cerca de 38 milhões de euros]. E foi assim que a nossa empresa teve início."


Fonte: Observador