Embora não seja geralmente considerado um recurso susceptível de aproveitamento, os autores sublinham que o papel higiénico é uma fonte rica de carbono, contendo 70-80% (massa, em base seca) de celulose. Em média, cada cidadão na Europa Ocidental produz 10 a 14 kg de papel higiénico por ano. Trata-se portanto de uma parte modesta mas significativa do lixo municipal. Acresce a isto o facto de que as estações de tratamento de águas residuais da Holanda, por exemplo, pagarem cerca de 70€ por cada tonelada de papel que queiram descartar.
Esquema do processo de valorização de papel higénico usado proposto.
A referida equipa de investigadores, delineou um processo simples baseado em duas etapas, que constitui uma rota direta para a conversão destes resíduos indesejados num produto útil. A primeira etapa compreende a gaseificação do papel higiénico previamente seco (redução da humidade de 60% para 25%), para o qual se pode utilizar como combustível de aquecimento os resíduos sólidos sobrantes da própria gaseificação do papel higiénico. A segunda etapa compreende o recurso a células de combustível de óxidos sólidos (SOFCs) a alta temperatura, capazes de converter diretamente em eletricidade o gás produzido na etapa de gaseificação.
Na atual versão, a eficiência elétrica global é de 57%, sendo semelhante à de uma planta de ciclo combinado a operar com gás natural. O custo nivelado da eletricidade (uma medida usada para uma comparação consistente dos métodos de geração de eletricidade) é de 20,3 cêntimos / kWh, valor que é comparável, de momento, ao das instalações fotovoltaicas residenciais.
Estima-se que a região de Amesterdão gere cerca de 10 mil toneladas de papel higiénico usado por ano, quantidade que seria suficiente para fornecer eletricidade a 6400 casas.