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Sobre o mito de uma alimentação "sem químicos" e "detox" à custa da ingestação de produtos puramente naturais


"Todos nos alimentamos diariamente, mas alguma vez se deu conta da quantidade de químicos e ingredientes presente na comida?

Atenda a esta lista de compostos e ingredientes: benzaldeído, linalol, nonano, pentanal, ácido esteárico, butirado de metilo, ácido aspártico, ácido oleico. E163a, sucrose, metilparabeno Provavelmente nunca ouviu falar da maioria, e tem dificuldade em pronunciar, mas são compostos que muito provavelmente ingere de cada vez que consome... um mirtilo.

Surpreendido? Não deveria, já que tudo à nossa volta contém químicos, da água que bebe ao ar que respira. Literalmente, a água é uma substância química...

É por este motivo que é frustrante quando as empresas consistentemente rotulam os alimentos como "sem químicos", ou quando alguém alega que "se não consegue pronunciar o ingrediente, não o ingira".

Peguemos numa banana, e esperamos que esteja preparado para os químicos que contém:


Podemos pegar em qualquer alimento e fazê-lo parecer uma vasta e confusa lista de compostos químicos. Se comparar com a composição de um qualquer rebuçado/bala, talvez este último tenha mais motivos para alegar se um produto "sem químicos":


Considere uma maçã, e contrastemo-la com o tiopentato de sódio, um composto usado nas injeções letais dos condenamos à morte. Acredita que as sementes da maçã têm exactamente o mesmo nível de toxicidade? Amigdalina das sementes e o tiopentato de sódio são ambos tóxicos na proporção de 1 g por kg de massa corporal. Claro que seria preciso consumir uma quantidade muito elevada de maçãs para atingir esse valor.

Se compararmos o ácido cítrico dos limões com o aspartame (adoçante artificial), concluímos que ambos não são tóxicos na quantidade de 1 g por kg de massa corporal.

A verdade é que tudo é tóxico se numa dose suficientemente elevada. Para alguns compostos basta uns miligramas, enquanto para outros são necessários quilogramas. A dose é que faz a toxicidade.




Devemos pensar nestas coisas, mas não numa base absoluta de sim ou não. Temos de nos perguntar que compostos são mais perigosos, e deixar de lado ideias definitivas sobre natural vs sintético, porque compostos naturais não são sempre bons, e compostos sintéticos não são automaticamente perigosos.

Alguma vez provou uma melância natural? Provalvemente não, considerando que em 3000 A.C. estas atingiam apenas 55 mm the comprimento, 80g e 1.9% de açúcar, e apenas existiam 6 variedades. Atualmente, as melancias atingem até  660mm, 8 kg de massa, e 6.2% de açúcar, podem não ter sementes, e existem mais de 120 variedades. Os milhares de anos de evolução humana alteraram estes frutos desde a sua forma natural original. Algo idêntico poderia ser dito do milho...

Esta não é uma defesa das comidas processadas, nem de alegar que um lado é melhor que o outro, mas simplesmente, que alimentos são coisas complicadas. 

Nós simplesmente não conseguimos levar uma vida sem químicos como alguns marcas gostam de apregoar. Neste sentido a palavra "detox" é um mito do marketing.

Faça a sua pesquisa, entenda o que está a consumir, e a sua saúde beneficiará com isso."

Fonte: AsapSCIENCE