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Sobre Belmiro de Azevedo, e a formação superior em EQ num contexto adverso para camadas sociais não privilegiadas chegarem à universidade


"Em finais dos anos cinquenta, apenas cerca de 3% dos alunos que haviam iniciado a escola primária chegavam ao ensino superior. E, desses, uma percentagem bastante menor concluía o seu curso. Era, provavelmente, um dos mais significativos indicadores do modo como estava organizada a sociedade portuguesa sob a ditadura. A probabilidade de um aluno proveniente das camadas sociais não privilegiadas chegar à universidade era ínfima.

(...) Os professores catedráticos, de um modo geral enfeudados ao regime e com outros cargos fora da universidade, davam poucas aulas. O ensino estava, aí, entregue sobretudo aos assistentes. A vida descolar desenvolve-se em função das frequências e do estudo de volumosas «sebentas». É feito um grande apelo à memória, mais do que à inteligência. Não se pode dizer que esse fosse o modelo preferido de Belmiro. O qual, em Outubro de 1956, com 18 anos feitos, inicia o seu curso superior na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, onde se desenrolavam os Preparatórios de Engenharia. Cerca de quatro anos depois - e após o interregno de um curto serviço militar - estará na Faculdade de Engenharia para prosseguir o curso escolhido.

A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto era uma das mais prestigiadas do país. Com partircular relevo para o curso de Engenharia Civil, aquele que mais candidados arregimentava. Em contrapartida, o curso de Engenharia Química era quase residual. Ser engenheiro, fosse qual fosse a especialidade era distintivo.

(...) Em 23 de Junho de 1963, Belmiro faz o último exame do curso. A licenciatura em Engenharia Química será concluída, em 12 de Outubro de 1964, após dois estágios em empresas portuguesas - Refinaria Angola, em Matosinhos, e Fábrica de Sedas Nogueira, no Porto, empresa do grupo Efanor - e um estágio na Bélgica (Stella Artois). "

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Fonte:  Belmiro | História de uma vida - Magalhães Pinto