O físico francês Ludwik Leiber com sua equipe da ESPCI Paris Tech desenvolveu [em 2011] uma nova classe de plásticos chamada vitrímeros. 'Classificados como substâncias supramoleculares, os vitrímeros são derivados de plásticos termofixos que apresentam características de autorreparação'.
O que é realmente intrigante sobre os vitrímeros é como eles fazem o que fazem. Ao nível molecular, os átomos que compõem os polímeros termofixos padrão mantêm sua estrutura cristalina por meio de ligações permanentes ou rígidas, sendo a força dessas ligações a determinar, em última instância, as características do material. Os ciclos de flexão, fricção e térmicos quebram essas ligações, resultando em enfraquecimento, o que leva a rachaduras e fraturas. Uma vez que esses laços são quebrados, eles não podem ser reparados.
No caso das ligações moleculares que compõem os vitrímeros, estas não são permanentes nem rígidas, o seu estado é mais semelhante a um equilíbrio dinâmico. Isso significa que as ligações moleculares vão-se formando e rompendo simultaneamente. Independentemente da estrutura molecular, o número de ligações permanece o mesmo. Essa reação é ativada termicamente, permitindo que os vitrímeros passem do sólido ao líquido e de volta sem alteração na estrutura cristalina. Isso é conhecido como transição vítrea. São estas características em essência que tornam os vitrímeros um plástico auto-reparável. As qualidades de autorreparação dos vitrímeros estão a abrir caminho para uma série de inovações impressionantes e levarão a muitas outras.
Uma deles é na indústria médica, onde os vitrímeros são usados como 'cola de órgão'. Este é um hidrogel de polímero autocurante que atua como uma solução aquosa para cicatrização de feridas anti-hemorragia. Esses materiais também são usados para fazer bens de consumo e os vitrímeros, por natureza, são ideais para reciclagem porque podem ser liquefeitos e solidificados continuamente. De acordo com relatos, a NASA tem mostrado grande interesse em vitrímeros e vem trabalhando nas suas aplicações especiais.
_____Fonte: C. Defonseka, Polymer Fillers and Stiffening Agents: Applications and Non-traditional Alternatives, de Gruyter GmbH & Co, 2020