"Com o aumento no mercado do número de produtos que usam nanotecnologia, de que modo se pode assegurar que os trabalhadores que os produzem estão protegidos contra os potenciais riscos da exposição a materiais de tamanho tão reduzido?
É um facto que os operários de fábrica, engenheiros e cientistas que trabalham na produção de produtos de ponta se sujeitam a uma maior exposição a nanopartículas do que qualquer consumidor que adquira esses mesmos produtos.
Ao contrário das indústrias de engenharia química tradicional em que existe regulação a respeito da exposição dos trabalhadores a produtos químicos, está por provar que máscaras, filtros e sistemas de ventilação sejam suficientes para prevenir contra os perigos da nanotecnologia.
Segundo, Mark Morrison, CEO do Institute of Nanotechnology, a própria legislação europeia REACH falha na distinção entre químicos na forma bulk e na forma nano. A vantagem do uso da nanotecnologia é a alteração de propriedades associadas à redução do tamanho, o que pode levar a que químicos inócuos na forma bulk possam revelar-se potencialmente perigosos à escala nanométrica.
Alguns riscos podem ser minimizados uma vez garantidas boas práticas. Por exemplo, os riscos de inalação dos nanotubos de carbono podem ser contidos se estes forem manuseados e mantidos em soluções líquidas.
Na perspectiva de Gabriel Aeppli, co-director do London Centre for Nanotechnology, os riscos da nanotecnologia assemelham-se aos desafios encontrados em vírus e perigos de natureza biológica, em que pequenas quantidade do agente patogénico podem potenciar grandes efeitos. Assim, na sua opinião, o risco da nanotecnologia existe mas não deverá exceder os perigos que já existem no domínio da engenharia biológica.
Em sinal de reconhecimento da necessidade de se avaliarem os impactos da nanotecnologia, foi criado o projecto NanoValid, de natureza internacional, que reúne em parceria 29 organismos (universidades, centros de investigação, governos e indústria) com vista ao esclarecimento dos perigos associados à nanotecnologia."
Fonte: The Guardian