Complexo industrial da CUF Barreiro algures na primeira metade do séc. XX.
Programa Visita Guiada: - Antiga Companhia União Fabril, Barreiro | ep. 726 Abr. 2021 | RTP
Sinopse: No início do séc. XX, um jovem industrial implanta um pequeno conjunto de fábricas numa zona rural e piscatória da margem Sul do Tejo, próxima de Lisboa. Bem informado, audacioso, Alfredo da Silva vai multiplicando as áreas de atividade do seu crescente complexo fabril, aposta na qualidade e na inovação e, já depois da sua morte, em meados dos anos 60, a CUF é o maior complexo industrial da Península Ibérica e um dos maiores da Europa.
No início dos anos 70, a teia do grupo CUF estende-se a cerca de 180 empresas por todo o país e integra 50 000 trabalhadores. Em 1974, a CUF do Barreiro tem a maior concentração operária do território nacional: durante décadas, fora o destino procurado por sucessivas gerações de camponeses, muitos deles analfabetos, que ali encontravam condições de vida para si e para as suas famílias sem paralelo em Portugal. Em 1977, no rescaldo do 25 de Abril, a CUF é nacionalizada. A nova fase da história deste território conduzirá à sua progressiva desindustrialização, mas parte do edificado pela antiga CUF foi, entretanto, patrimonializado.
Uma visita guiada por Ana Paula Gonçalves, do Museu Industrial da Baía do Tejo; Deolinda Folgado, investigadora em Património Industrial; Alice Pires, professora na CUF a partir de 1959; e Pacheco Pereira, investigador em Lutas Operárias no séc. XX.
Notas extraídas do visionamento do programa:
ANOS 1890-1900:
- Em 1898 Alfredo da Silva assume a empresa CUF, que vem de uma fusão com a companhia Aliança Fabril, duas fábricas localizadas em Alcântara, e que produziam óleos, velas e sabões.
- A CUF nasce junto à vila do Barreiro, e chega a ocupar, no auge, 10% do território do concelho;
- Aquilo que mais tarde, nos anos 50 em Portugal, vai ser uma premissa, que é desenvolver a indústria a par do conhecimento científico, Alfredo da Silva importa isso no início do século XX para o Barreiro. Portanto, a presença do laboratório está constantemente a acompanhar, a medir, a monitorizar, e a inovar a indústria química.
- Em 1916 há cerca de 2 mil trabalhadores no complexo industrial da CUF no Barreiro.
- Adubos e óleos: é sobre estes dois produtos que se vai gerar todo o complexo industrial.
- A área têxtil começa nos anos 30 com objetivo de produzir sacos para os adubos, mas ganha depois outra dimensão carpetes e tapeçarias, tendo lojas próprias de venda ao público.
- Em 1940 há cerca de 6 mil trabalhadores no complexo industrial da CUF no Barreiro.
- Nos anos 50 houve a necessida de conquistar área ao rio Tejo para produzir ácido sulfúrico por contacto, e também tratamento de cinzas de pirite. Dos subprodutos conseguia-se extrair prata, ouro, zinco, cobre. Este é um exemplo - hoje que se fala tanto de reciclagem - de como aqui já se aproveitava tudo. Tudo se aproveitava, dos óleos conseguia-se fazer rações para animais.
- Nos anos 60 a CUF é o maior grupo industrial da península ibérica, e o quinto maior conglomerado químico da europa.
- As tintas Tinco, que surge no complexo para uso na construção naval, e com o tempo ganham autonomia própria também.Nos anos 60 surge a UFA, União Fabril do Azoto.
- Em 1965 há erca de 12 mil trabalhadores no complexo industrial da CUF no Barreiro.
- Em 1970, a CUF representa mais de 4% do PIB nacional.
- Em 1975, no contexto do PREC, a CUF é nacionalizada. Em 1977, passa a charmar-se Quimigal.No final dos anos 80, este lugar passa a ser progressivamente desindustrializado.
- Em 1975, o grupo CUF detinha 180 empresas, quer diretas como indiretas, e detinha cerca de 40 a 50 mil operários (no geral, não só no Barreiro), detinha pólos de produção espalhados pelo país, e nas então colónias portuguesas.
- Hoje, a título industrial, podemos encontrar no antigo complexo industrial da CUF no Barreiro a SOVENA, com a fábrica de óleos e azeites, na refinação e embalamento, podemos encontrar a FISIPE (que havia sido um projeto ainda da CUF no pré-25 de Abril de 1974) com terreno conquistado ao rio e dedicada à produção de fibras sintético; e uma unidade da UFA que produz ácido nítrico e amónia.