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Sobre a opinião de Adam Heller (Medalha Nacional de Tecnologia e Inovação 2007) a respeito dos desafios presentes e futuros da engª. química



Partilha-se abaixo a resposta dada por Adam Heller (AH) quando questionado em entrevista a respeito do futuro da engenharia química. AH falou do atual financiamento do que designa ser quasi-engenharia de utilidade discutível, e focou ainda o desafio provocado pelo aquecimento global.

Adam Heller é professor emérito do Dep. de Engenharia Química da Universidade de Texas em Austin, e conta uma carreira de 55 anos ligada à electroquímica e catálise. Em 2007 foi condecorado pelo presidente dos EUA com a Medalha Nacional de Tecnologia e Inovação.

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[Entrevistador]: Adam, antes de terminarmos a nossa conversa, eu sei que você tem observado várias mudanças no campo da engenharia química. E estaríamos interessados em saber um pouco sobre as mudanças que constatou e para onde caminha a engenharia química no futuro.



AH: Primeiramente, os fundamentos da engenharia química. Você é um dos grandes eletroquímicos; o Charlie Tobias foi também um dos grandes. O nosso ramo está a expandir-se, crescendo, desenvolvendo-se. O John Prausnitz contribuiu como ninguém para a termodinâmica. O básico está-se a desenvolver. Ganhamos nova e mais profunda compreensão. 


O que também verificamos - e você observou-o muito bem enquanto diretor do Lawrence Berkeley National Laboratory - é que temos vindo a fazer uma grande quantidade de quasi-engenharia que não nos levará a qualquer lado. Fazêmo-lo apenas porque o dinheiro existe. E isso é uma praga em parte da investigação e desenvolvimento da engenharia química porque não conduz a novos entendimentos ou a produtos e serviços que sirvam as pessoas. 

Muito disto tem motivações políticas. Vemos grandes esforços para reduzir as emissões de carbono. É uma verdadeira tragédia que as pessoas não sejam ensinadas que o aumento do uso de energia é uma consequência do aumento da riqueza mundial. O PIB per capita aumentou 18 vezes e a população mundial aumento 14 vezes nos últimos 100 anos, resultando num aumento de 250 vezes da riqueza mundial. A pobreza global diminuiu dramaticamente e continuará a diminuir. À medida que as pessoas ficam mais ricas elas vivem em cases maiores e mais bem construídas, e conduzem mais carros. Só as indústrias do cimento e aço geram 13% do CO2 emitido. Portanto, à medida que as pessoas ficam mais ricas, elas consomem mais energia. Não há nada que possa ser feito para o interromper. Não podemos parar a Ásia e a África de usarem mais energia, nem impedir as pessoas de terem famílias maiores. A recomendável e profundamente importante substituição de combustíveis fósseis por renováveis e conservação de energia não barrou ou diminuiu o aumento de CO2 na atmosfera. 

Atendendo a que as pessoas procurarão aumentar a sua riqueza e ter famílias maiores, resultando num rápido e massivo aumento da riqueza, e portanto uso de energia, e considerando que já estamos a gastar imenso em renováveis, que alternativa temos? Bem, não discutimos as alternativas tanto quanto discutimos as renováveis e conservação porque as alternativas são ofensivas para os bem-intencionados puristas. Precisamos de discutir mais o aquecimento global através de processos controláveis e reversíveis do que baseados em processos naturais e descontrolados do passado tais como a idade do gelo. Por exemplo, através da fertilização dos Oceanos do Sul com formas de ferro de curta duração que induzam a fotosíntese por parte dos organismo marinhos, ou pela reflexão de luz solar através de aerossóis de sulfato na estratosfera.