"A conversão de biomassa por via de biorefinarias é atualmente encarada como uma alternativa potencial à atual dependência de recursos não-renováveis. A transição desde a "refinaria de petróleo" tradicional para a "biorrefinaria", baseada em biomassa lenhino-celulósica renovável, é crucial para se avançar rumo a uma economia mais amigável para com o meio ambiente (1). A biomassa lenhino-celulósica tem merecido mais atenção porque não compete com recursos alimentares e também por poder reduzir o dióxido de carbono na atmosfera em até 75%-100% (2).
A biorefinação é o processamento sustentável da biomassa no sentido da produção de um espetro de produtos comercializáveis (alimentos e ração, materiais e produtos químicos) e energia (combustíveis, energia e calor). A lógica da biorrefinaria é alcançar um fraccionamento apropriado do complexo material lenhino-celulósica, nos seus constituintes.
A figura abaixo ilustra um esquema possível de biorrefinaria lenhino-celulósica."
É neste contexto que o processamento conhecido por organosolv merece destaque. "O primeiro estudo que utilizou solventes orgânicos em materiais lenhino-celulósica ocorreu em 1893, quando Klason utilizou etanol e ácido clorídrico para separar madeira nos seus componentes, com vista ao estudo da estrutura de lenhina e hidratos de carbono. Atualmente, o pré-tratamento com organosolv tem sido utilizado para a produção de lenhina e outros co-produtos potencialmente valiosos (por exemplo, acetona, butanol, biogás) (9-14)."
O tratamento com solventes orgânicos envolve o uso de um líquido orgânico e água, com ou sem adição de um agente catalisador (ácido ou base). Esta mistura parcialmente hidrolisa ligações de lenhina e ligações entre a lenhina e hidratos de carbono, resultando num resíduo sólido composto principalmente por celulose e alguma hemicelulose. O tratamento por Organosolv remove eficientemente a lenhina de materiais lenhino-celulósicos, mas a maior parte da hemicelulose açúcares são também solubilizados por arrasto."
Fonte: Dimitrios K. Sidiras and Ioanna S. Salapa, "Organosolv pretreatment as a major step of lignocellulosic biomass refining" in "Biorefinery I: Chemicals and Materials From Thermo-Chemical Biomass Conversion and Related Processes", Nicolas Abatzoglou, Université de Sherbrooke, Canada Sascha Kersten, University of Twente, The Netherlands Dietrich Meier, Thünen Institute of Wood Research, Germany Eds, ECI Symposium Series, (2015).
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Fábrica de pasta e papel da Suzano - Bahia (Brasil)
"A indústria de pasta e papel é a maior rede de recolha de biomassa não alimentar no mundo. Esta indústria compreende uma atividade madura que produz commodities de baixa margem, mas que tem a infraestrutura, a experiência e os recursos ideais para capitalizar o interesse estratégico em biorefinarias. Os líderes da indústria, investidores, políticos e outros começam agora a entender melhor o papel vital a ser desempenhado pelas biorrefinarias à medida que passamos de uma economia de energia baseada em combustíveis fósseis para uma baseada em biomassa. Quando bem localizada e operada, espera-se que o potencial de uma biorefinaria integrada seja enorme: uma oportunidade de negócio muito atraente e sinérgica tanto para as fábricas de pasta e papel existentes como para a própria atividade da biorefinação."
Fonte: Pratima Bajpai, Chapter 2 - Biorefinery Opportunities in the Pulp and Paper Industry*, In Biorefinery in the Pulp and Paper Industry, Academic Press, Boston, 2013, Pages 11-15,