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Sobre o país industrializado que é os EUA, e a ausência de representatividade da indústria na área de território desse país


Quando pensamos e falamos de países industrializadas, o uso da termo "indústria" como adjetivo ou atributo conduz-nos a uma noção geral e empírica do que significa uma país ser industrializado, resultante da familiaridade e repetição do uso da expressão no quotidiano informativo. Porém, será que essa noção tem uma correspondência real com o significado que o conceito pretende veicular?

De acordo com o Collins English Dictionary, por “país industrializado” devemos entender “um país caracterizado pela indústria em larga escala”. Então e o que dizer da expressão “país desenvolvido”? Diz-nos o Collins Dictionary of Economics que isso significa “um país economicamente avançado cuja economia se caracteriza por grandes setores industriais e de serviços, altos níveis de produto nacional bruto e rendimento per capita.”

Vem isto a propósito da infografia acima, da autoria da Bloomberg, onde é feito o retrato territorial dos EUA usando como critério a área superficial do país por tipo de atividade a que está associada.  Como se pode ver, cerca de 1/3 dos EUA é floresta, outro 1/3 é área agrícola ou de pastoreio, e sobra um terço para tudo o resto. Desse resto, aparentemente não há referência à utilização de espaço territorial por parte indústria que possa justificar, segundo este critério, o epíteto de país industrializado. Mesmo os serviços (presentes em países "desenvolvidos"), traduzidos materialmente na forma de área dedicada a estabelecimentos comerciais, representam uma fração muito diminuta da área territorial dos EUA.


Na perspetiva da engenharia química, a pequena porção de território alocada a etanol/biodiesel é porventura aquela que tem o vínculo industrial mais direto e óbvio com esta área de saber. Porém, no plano indireto, sabemos bem quanta da agricultura atual, da economia da floresta (papel, mas não só) e da indústria alimentar depende do fornecimento de produtos e da operação de processos químicos.

Assim, olhando para o ponto de situação da ocupação territorial dos EUA, trata-se de um país que está espacialmente mais alocado à floresta, agricultura e pecuária do que à indústria (numa perspetiva de complexos fabris) ou serviços. Mais, é um país com mais área ocupada para fins de defesa, ferrovia e rodovia do que para parque industrial. Em todo o caso, não é legítimo branquear o facto de que a indústria se rege por lógicas de intensidade energética e economia espacial, o que faz com que o seu poderio e peso económico não seja propriamente correlacionável com a área de ocupação. (A este propósito veja-se o caso da densa ilha (industrial) de Jurong, em Singapura). O mesmo se aplica ao impacto ambiental por elas criado.

Não obstante, a noção de industrialização obedece a lógicas de escala dimensionadas para o tamanho da população mundial (isto é, o mercado) e não propriamente para a ocupação do espaço livre disponível. Esta é uma noção que muito merece ser vincada junto de forças políticas, ambientais e dos cidadãos comuns em geral, sob pena de, em matéria de visão sobre as problemáticas atuais, se possa confundir as coisas e encontrar bodes expiatórios para problemas que não são de resolução simples e inconsequente.