A garantia de acesso a água potável é atualmente um desafio crítico em muitas partes do mundo, devido ao crescimento populacional, seca, poluição e contaminação dos solos. Os formuladores de políticas e especialistas em recursos hídricos de todo o mundo estão desesperadamente à procura de formas inovadoras, mais seguras, limpas e acessíveis de produzir água potável de maneira sustentável.
A dessalinização apresenta uma resposta óbvia para a escassez global de água. No entanto, todas as formas existentes de tecnologia de dessalinização apresentam dois grandes problemas: custos elevados e danos ambientais associados à inevitável produção de salmoura ("brine") .
Fonte: EFD Corp.
Imagem: E. Jones, M. Qadir, M.T.H. van Vliet, V. Smakhtin, S. Kang, The state of desalination and brine production: A global outlook, Science of The Total Environment, 657 (2019) 1343-1356,
* * *
A salmoura é o produto residual de processos de dessalinização envolvendo alta salinidade, alta temperatura e outros produtos químicos dissolvidos. Com a crescente procura por água, quantidades crescentes de salmoura são produzidas a partir das unidades de dessalinização, levando a impactos adversos significativos sobre o meio ambiente. Por conseguinte, é necessário gerir eficazmente a salmoura decorrente de processos de dessalinização de água, a fim de garantir uma eliminação e reutilização mais eficientes.
(...) Um grande número de unidades de dessalinização foram construídas no Médio Oriente, principalmente na região do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC). Nos Emirados Árabes Unidos (EAU), por exemplo, a dessalinização é uma fonte altamente importante de água potável e o processo Multi Stage Flash é a tecnologia dominante, seguida pela Osmose Inversa. Independentemente do tipo de unidade de dessalinização, nos Emirados Árabes Unidos muitas destas descartam sua salmoura no mar, enquanto algumas delas descartam a salmoura para cursos de água fechados que estão conectados ao mar. Embora a dessalinização forneça potencialmente água limpa, a salmoura oriunda da dessalinização é uma questão ambiental crítica [2], [3]. Isto deve-se aos químicos residuais de pré-tratamento da salmoura, e à alta salinidade e temperatura deste produto. Além disso, os metais pesados na salmoura devido à corrosão do tubo (cobre, níquel, ferro, cromo, zinco, etc.) impõem sérios riscos ambientais.
(...) Existem diferentes estratégias de gestão de salmoura residual, incluindo a minimização de volume, descarte direto ou reutilização direta. A estratégia de minimização pode ser implementada por meio de tecnologias baseadas em membrana, térmicas e emergentes. As estratégias de descarte direto envolvem métodos de descarte interno e externo. Outras estratégias para descartar salmoura envolvem a extração de minerais e sais da salmoura para diferentes aplicações.
(...) A classificação de salmoura rejeitada como um “recurso” em vez de um “resíduo” será um caminho para garantir a sustentabilidade das abordagens de gestão de salmoura. Dessa maneira, recursos valiosos podem ser recuperados da salmoura rejeitada.
Fonte: A. Giwa, V. Dufour, F. Al Marzooqi, M. Al Kaabi, S.W. Hasan, Brine management methods: Recent innovations and current status, Desalination 407 (2017) 1-23.