Os maiores produtores em Baku eram os Nobel. Família emigrada da Suécia, os Nobel de São Petersburgo criaram uma empresa de engenharia, armamento e munições cuja fábrica em Ijevsk fornecia as Forças Armadas russas. Em 1873, Robert Nobel visitou Baku para comprar madeira para coronhas de espingarda e acabou seduzido pelo potencial do petróleo. Os Nobel fundaram a sua companhia petrolífera, a Branobel, em 1879. Um capital acionista inicial de 3 milhões de rublos foi quintuplicado em apenas doze anos. Recursos financeiros abundantes, organização excelente e investimento em investigação por Dmitri Mendeleiev (que formulou a tabela periódica dos elementos) e por outros conferiram à Branobel uma vantagem significativa sobre as centenas de operadores arménios, russos e «tártaros» (Azeri), mas pequenos, que se debatiam com equipamento de má qualidade e financiamento conseguido no dia-a-dia.
O objetivo da Branobel era o mercado doméstico, que servia através de uma rede cerrada de reservatórios e filiais de vendas por todo o Império Russo. Os produtos dos Nobel, que incluíam vaselina e lubrificantes, bem como querosene e mazut (petróleo pesado, para a ignição de motores e navios), eram transportados através do Mar Cáspio para Novorossisk e depois feitos subir o rio Don em barcaças. Em 1877, a Branobel lançou o primeiro navio petroleiro, o Zoroastro. Em 1888, a Branobel tinha 25 mil empregados e possuía metade dos vagões-tanque que percorriam a ferrovia Baku-Batumi. Empregador exemplar pelos padrões da época, a Branobel fornecia muito melhor alojamento do que qualquer empresa equivalente, além de praticar um sistema de poupança e partilha de lucros com os seus trabalhadores. As instalações eram portentos de tecnologias e havia circuitos guiados para visitantes estrangeiros. Parece extremamente provável que Gulbenkian tenha aproveitado essa oportunidade. Não será necessário dizer que a Branobel era profundamente temida e alvo de ressentimento de todos os outros produtores e refinadores de Baku.
Fonte: J. Conlin, O Homem Mais Rico do Mundo - As muitas vidas de Calouste Gulbenkian (Livro)
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A Branobel em imagens:
Em 1879, a refinaria de Baku possuía oito unidades de destilação,
quatro panelas maiores e duas panelas a vapor menores, além de
refrigeradores para o masut quente que permaneceu nas panelas
após o processo de destilação.
A Companhia Branobel possuía as torres de petróleo no campo de Balachany (perto de Baku, Azerbaijão, final do século XIX). Naquela época, a perfuração era dedicada principalmente à produção de querosene para iluminação, e o tamanho das unidades sugere a relevância econômica da empresa. (Foto cortesia de Tekniska Museet)
Zoroastro, o primeiro navio petroleiro, pela mão da Branobel
Zoroastro, o primeiro navio petroleiro, pela mão da Branobel