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Sobre o duelo de titãs pelo controlo do mercado mundial de petróleo, em simultâneo com a pandemia mundial de coronavírus


Nos bastidores de uma crise pandémica sem precedentes na modernidade, assiste-se também a um duelo de titãs pelo controlo do mercado mundial do petróleo.


Da histórica OPEP à recente OPEP+ :

Ao longo de décadas, o mercado mundial de petróleo foi regulado pela OPEP, que reúne 14 estados produtores de petróleo e que tem a Arábia Saudita como potência dominante. A OPEP reúne periodicamente no sentido de controlar os volumes de produção e, consequentemente, os preços a que o petróleo é comercializado. Em 2018, os 14 membros da OPEP controlavam 35% do fornecimento global de petróleo e 82% das reservas comprovadas

Porém, com o surgimento de mais nações produtoras de petróleo, a OPEP deu lugar à OPEP+, e com isso a adição de 10 países não membros da OPEP, com destaque para a Rússia, México e Cazaquistão. A OPEP+ representa 55% do fornecimento global de petróleo e 90%, das reservas comprovadas. Isso proporciona à OPEP + um nível de influência sobre a economia mundial nunca vista antes.



A crescente intromissão dos EUA com as reservas de xisto:

Desde 2010, quando os EUA arrancaram com a produção de hidrocarbonetos a partir das formações de xisto que se deu iniciu a uma mudança de paradigma, que teve como desfecho a maior autonomia dos EUA e a inversão da competitividade industrial, (que se encontrava na Ásia) e da exploração de petróleo (que se encontrava na OPEP) para os EUA.

A Arábia Saudita falhou em 2014 uma tentativa de retomar o controlo do mercado de petróleo através do abaixamento deliberado do preço do petróleo. Nos dois anos (2014-2016) em que essa estratégia saudita durou, os estados membros da OPEP perderam US $ 450 mil milhões em receitas coletivas em petróleo devido ao regime de preços mais baixos.


A nova investida da Arábida Saudita, contra os EUA e a Rússia:

Com a economia saudita deficitária e o risco de uma crise interna de autoridade, a Arábia Saudita surge em 2020 com nova tentativa de reconquistar o domínio dos preços e volume de produção do petróleo. Em concreto, o não entendimento com a Rússia relativametne a um acordo que buscava cortar a produção de petróleo em 1,5 milhão de barris por dia.

Em resposta à irreverência russa, os sauditas aumentaram a produção e inundaram o mercado com petróleo, esperando que a súbita queda nos preços prejudique Moscovo o suficiente para forçar o cumprimento da produção pretendido, sobretudo no que diz respeito à capacidade das empresas russas venderem hidrocarbonetos na Europa.

Para os produtores dos EUA, cujo crescimento na última década foi alcançada com forte endividamento, a queda dos preços pode empurrar alguns produtores para um cenário de falência. A medida força também várias das empresas norte-americanas a congelar as suas operações e a adiar investimentos em novas explorações.

Dependência da economia saudita 
da exportação de petróleo.



Uma guerra após a oferta de venda pública da petrolífera saudita ,Saudi Aramco:

No final de 2019, e após vários meses de atraso, a Saudi Aramco, a petrolífera estatal saudita, foi finalmente colocada à venda no mercado bolsista. Esta oferta pública inicial foi vista como o projeto do príncipe herdeiro Muhammad bin Salman, o governante saudita que deseja usar os recursos para financiar seu plano "Vision 2030" para modernizar o reino.

Preço do barril de petróleo no momento da 
oferta pública de venda da Saudi Aramco.

O valor total da empresa suscitou bastante dúvidas. O príncipe herdeiro sugeriu que a Saudi Aramco vale US $ 2000 mil milhões. Os analistas expressaram dúvidas sobre se essa avaliação é credível, sugerindo antes números na faixa de US $ 1500-1800 mil milhões, ou mesmo US $ 1100 mil milhões. A certa altura, Riad mencionou a venda de 5% ao ano por dez anos e depois parar para manter o controle da maioria, mas os seus planos atuais não são claros. Fonte: Washington Institute

Em 2018, a petrolífera saudita lucrou 111 mil milhões de dólares e recebeu o título de empresa mais rentável do mundo. Apesar de 2019o não ter sido tão favorável, foi ainda assim muito positivo. Os lucros recuaram 18% nos primeiros nove meses de 2019, mas atingiram os 68,2 mil milhões de dólares, o que supera a empresa cotada com maiores lucros, a Apple. Fonte: ECO

Lucros da Saudi Aramco em 2018 em
 comparação com outras grandes empresas mundiais.