Investigadores do departamento de Engenharia Química e Biológica, e do departamento de Química e Biologia Química da Rensselaer Polytechnic Institute (Nova Iorque, EUA), encontraram evidências de que compostos bioativos presentes numa alga marinha são mais potentes no combate ao COVID-19 do que antivírico de referência para o tratamento da doença, o Remdesivir.
De acordo com Robert Linhart, um dos autores do estudo, "o que nos interessa é uma nova maneira de combater a infecção. O pensamento atual é que a infecção por COVID-19 começa no nariz e qualquer uma dessas substâncias pode ser a base para um spray nasal. Se se pudesse simplesmente tratar a infecção precocemente, ou até mesmo tratar antes de ter a infecção, seria possível bloqueá-la antes que ela entre no corpo.".O seu colega Jonathan S. Dordick, coautor do mesmo trabalho, complementa dizendo que estes compostos de algas marinhas "poderiam servir de base para uma abordagem de administração oral para tratar de uma potencial infecção gastrointestinal".
Os extratáveis da alga Saccharina japonica no bloqueio do COVID-19:
O artigo criado no seguimento deste trabalho, publicado na revista Cell Discovery testa a atividade antiviral dois fucoidanos (RPI-27 e RPI-28) extraídos da alga Saccharina japonica. Todos estes compostos são cadeias longas de moléculas de açúcar conhecidas como polissacarídeos sulfatados.
Os pesquisadores realizaram um estudo de resposta à dose (EC50) com cada um dos cinco compostos nas células de mamíferos. Para os resultados de um EC50, dados em uma concentração molar, um valor mais baixo sinaliza um composto mais potente. O RPI-27 produziu um valor de EC50 de aproximadamente 83 nanomolar, enquanto um teste in vitro semelhante e publicado anteriormente e independente de remdesivir nas mesmas células de mamífero produziu um EC50 de 770 nanomolar.
Um teste separado não encontrou toxicidade celular em nenhum dos compostos, mesmo nas concentrações mais altas testadas.
______Fonte: American Association for the Advancement of Science (AAAS)
O desafio de extrair e purificar Saccharina japonica de forma competitiva:
Ao analisar o procedimento experimental seguido pelos investigadores do estudo envolvendo compostos da alga Saccharina japonica, deparamo-nos com uma abordagem focada na escala analítica, com rácios de biomass/solvente de 1/35 (g/ml), distantes da realidade industrial em extração, e onde há recurso a muita energia para a viabilizar a extração (120 ºC), na etapa posterior de concentração do extrato (evaporação).
Também no isolamento dos componentes, o procedimento descrito é moroso (48h+24h=72h), gera quantidades consideráveis consideráveis de de resíduos (mistura de MgCl2 com algina, lavagem com etanol) e também de energia (evaporação da mistura rica em fucoidanos a 80 ºC). Para além de lavagens e extrações líquido-líquido, são utilizadas membranas de diálise.
A figura abaixo apresenta um procedimento análogo ao seguido pelos investigadores, mas esclarecedor dos desafios processuais caso se pretenda explorar esta oportunidade.
Exemplo do processo de extração de fucoidano bruto de algas castanhas para fins de análise. Fonte
A um pouco mais sobre a alga Saccharina japonica :
Segundo Oliveira et al. (2000), a produção global de Saccharina japonica foi de cerca de 5,9 milhões de toneladas em 2013. Apesar desta alga crescer naturalmente e ser cultivada na República da Coréia. a procura nesse país é menor porque os coreanos preferem consumir a espécie Undaria pinnatifida. Não há dados disponíveis sobre os custos totais de produção.
As espécies de sacarina japonica contêm cerca de 10% de proteínas e 2% de gordura, além de uma quantidade de minerais e vitaminas.
______Fonte: V. Erokhin, Establishing Food Security and Alternatives to International Trade in Emerging Economies, IGI Global, 2017,
A maior fração de Saccharina japonica produzida na China é utilizada para alimentação. Além de seu papel como biomass associada a efeitos benéficos para a “saúde”, a alga também é importante como fonte de alginato, manitol e iodo. Mais recentemente, estsa alga marinha tem sido empregada na China como componente de ração sintética para maricultura. Anteriormente, a alga marinha era vendida no mercado apenas na sua forma seca bruta, mas recentemente foram introduzidas no mercado pequenas embalagens de formas trituradas e temperadas com diferentes sabores, que foram muito bem recebidas pelo povo chinês.
_____Fonte: The Seaweed Site