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Sobre o filme "Dark Waters" (2019), e a omissão criminosa da DuPont quanto à toxicidade do ácido perfluorooctanóico (PFOA) na produção de Teflon



Dark Waters (2019) é um filme obrigatório para compreender como não deve funcionar a indústria química quando desenvolve um novo produto com base em compostos de que pouco se sabe. Baseado numa história real (e contemporânea) nele se mostra que a empresa norte-americana DuPont omitiu deliberadamente dados de toxicidade severa de um composto químico usado na produção de Teflon, e que nenhum dos seus funcionários foi capaz de fazer "soar o apito” (whistle blowing) atempadamente. Resultado: um dano irreparável para a saúde humana e para o ambiente, e um dano reputacional para a indústria química cumpridora das leis e boas práticas, cuja reputação fica manchada pela terrível falta de escrúpulos e ética revelada pela DuPont neste assunto. Para tudo isto contribui também a omissão governativa no controlo de substâncias químicas perigosas observada nos EUA antes dos anos 80.


Sinopse:

Em 1998, Robert Bilott (Mark Ruffalo) é advogado de defesa corporativa em Cincinnati, Ohio. Um dia, no escritório, o agricultor Wilbur Tennant (Bill Camp), um conhecido da avó de Robert, surge com uma caixas de evidências em  vídeo, solicitando a ajuda de Robert,  (...) one mostra como todas as 190 vacas sob sua responsabilidade morreram, mostrando sinais de uma doença bizarra e estranha. Ele sabe que tem a ver com a enorme empresa DuPont, que tem uma fábrica na cidade, já que seu irmão trabalhava lá na gestão de resíduos. 

(...) Robert abre uma pequena ação em tribunal para obter informações por meio legal dos produtos químicos que foram despejados no local. Ele não encontra nada de útil, e percebe que é possível que o que quer que tenha envenenado o gado de Wilbur seja algo não regulamentado pela EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos). (...) Robert consegue forçar legalmente a DuPont a entregar mais informações. (...) Ele examina os arquivos um por um, finalmente encontrando referência a um produto químico chamado ácido perfluorooctanóico (PFOA) sobre o qual não consegue encontrar nada. 

(...) Com base nos documentos da DuPont: ele descobre que as pessoas estão a ser envenenadas: o PFOA-C8 é um químico artificial usado na produção de Teflon. Foi criado para tanques do exército, mas depois usado por empresas em aplicações domésticas nos EUA. A DuPont vem testando seus efeitos há décadas, inclusive em animais e em seus próprios funcionários. Os seus estudos internos mostram que isso causou cancro em animais, pessoas e defeitos congénitos em bebés de mulheres que trabalhavam na linha de produção deste produto - e nunca disseram nada. Acresce que despejaram centenas de litros de lama tóxica rio acima da propriedade de Wilbur.


Ácido perfluorooctanóico (PFOA)

A EPA multa a DuPont em US $ 16,5 milhões. (..) Mark avança para tribunal, (...) argumentando que a DuPont é responsável porque o valor na água era maior do que 1 ppb que seus documentos internos alegavam ser seguros. Isto uma vez que o PFOA não era regulamentado.  No tribunal, a DuPont afirma ter feito um novo estudo que diz que 150 ppb é seguro.

(...) os moradores locais começam a protestar contra a DuPont e a história torna-se notícia nacional. A DuPont concorda em um acordo com US $ 70 milhões. Legalmente, eles só são obrigados a fazer monitoramento médico se os cientistas provarem que o PFOA causa as doenças. Um painel de fiscalização científica independente é constituido para estudar os efeitos do PFOA. Quase 70.000 pessoas doam sangue para o estudo.


(...) Finalmente, sete anos após a reunião do painel, a revisão científica contacta Robert e diz-lhe que o PFOA causa múltiplos câncros e outras doenças. No jantar com sua família, Rob é informado de que a DuPont renuncia ao acordo. (...) Então Rob decide levar o caso de cada réu contra a DuPont a tribunal, um de cada vez. (...) 

(...) Um texto final explica que Rob ganhou os seus primeiros três acordos multimilionários contra a DuPont e, finalmente, a DuPont acerta a ação coletiva por US$ 671 milhões. O PFOA ainda está no sangue de 99% da vida na Terra e milhares de produtos químicos ainda não estão regulamentados.

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Fonte: IMDB