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Sobre a refinação de açúcar na região do Porto (Portugal), a função de entreposto do açúcar brasileiro, e a empresa RAR como herdeira desse papel histórico


" O Porto pela sua profunda ligação ao Brasil foi ao longo do século XVIII um importante entreposto do açúcar brasileiro, aqui se descarregando muitas barricas de melaço que ajudaram a criar o mercado interno e externo neste sector e a responder à procura entretanto suscitada. Dada a proliferação da cana-sacarina noutras colónias, o açúcar brasileiro perdeu rapidamente a importância mundial que momentaneamente desempenhara. mas o Brasil foi durante dois séculos o principal abastecedor do mercado português. Nesses contactos coloniais radica a indústria de refinação do Porto, já que esta actividade se circunscreveu na metrópole praticamente aos dois portos onde podiam ser desalfandegadas as mercadorias desde os tempos pombalinos — Lisboa e Porto, uma concentração geográfica derivada dos condicionalismos de transporte.

«Pequena indústria», assim se classificava a refinação de açúcar no Porto nos documentos oficiais do século passado. quando se referiam aos 22 pequenos estabelecimentos existentes em 1881, ou aos 23 inventariados para 1890. Esta-belecimentos de refinaria que na globalidade não atingiam 100 trabalhadores (exactamente 93. em 1890) e estavam apenas equipados com caldeiras e fornalhas, pois só um dispunha desse equipamento elementar que eram os filtros para a calda. 

A modernização mecânica. que em Portugal só aparece como uma atitude sistemática. ainda que ligeira, por parte dos empresários nos inícios do século XX para a maioria dos sectores de actividade, teve. pois, dificuldades inusitadas no campo da refinação do açúcar. Quer por que era atacada pelos operários, quer pelos próprios proprietários de refinarias manuais, que tinham na pulverização e na exploração do operariado o campo adequado para sobreviverem.

Nos anos 50 [do século XX], o panorama na refinação do açúcar era claramente dualista: ao lado de algumas unidades fabris bem apetrechadas. subsistia a indústria manual ou uma indústria mecanizada mas deficiente e obsoleta. Em 1960 eram 14 as unidades no Porto. 7 em Lisboa, 1 em Braga e 1 em Aveiro. pelo que o dualismo se continuava praticamente a manter também no domínio geográfico. "

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Fonte: J.F. Alves, A indústria de refinação de açúcar no Porto - Um percurso amargo e doce, Título: A Indústria do Porto em Perspectiva Histórica, 1998

 

A RAR  e a refinação de açúcar no Porto


A RAR Açúcar dedica-se à refinação e comercialização de açúcar e foi fundada em 1962, no Porto, a partir da concentração de nove pequenas unidades de refinação de açúcar da região norte. Em 1973, com a aquisição de outra grande unidade de refinação - a Refinaria Angola - torna-se um operador de referência nacional.

A concentração da atividade numa única unidade produtiva e os sucessivos investimentos em tecnologia permitiram à empresa um grande aumento da capacidade produtiva e assinaláveis ganhos de eficiência. (...)  Com uma capacidade produtiva instalada de 160 000 toneladas/ano, a RAR Açúcar comercializa diversos tipos de açúcar produzido a partir da rama de cana-de-açúcar, com diferentes utilizações e finalidades e para diversos segmentos de mercado, designadamente, indústria e distribuição.

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Fonte: COMPETE 2020