Um estudo da autoria de investigadores espanhóis de Barcelona e Santander, juntamente com um investigador peruano de Lima, investigou o tema das embalagens plásticas e de cartão/papelão no acondicionamento de alimentos. Contrariamente ao que pode ser considerado o estado o espírito do nosso tempo que demoniza os polímeros sob pretexto ambiental, existem circunstâncias que colocam as embalagens plásticas como preferíveis, no conjunto de múltiplos indicadores de impacto ambiental, às embalagens de cartão.
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As embalagens de alimentos são um importante setor industrial que tem grande influência na perda e desperdício de alimentos. A busca de condições ótimas para minimizar os impactos negativos das embalagens de alimentos no meio ambiente deve promover a seleção das melhores embalagens disponíveis. Este trabalho avaliou o impacto ambiental da distribuição de frutas e legumes no contexto peninsular espanhol usando caixas de plástico reutilizáveis e caixas de papelão descartáveis.
(...) Dois cenários diferentes foram considerados em função da vida útil das caixas e do número de rotações anuais: o conservador foi definido por 10 anos de vida útil e 10 rotações por ano, enquanto o técnico considerou 10 anos também, mas o número de rotações aumentou para 15.
(...) Os resultados mostraram que as caixas plásticas reutilizáveis implicavam impactos ambientais significativamente menores do que as caixas de papelão descartáveis. Todas as categorias de impacto e indicadores de consumo de energia foram menores no caso das caixas em ambos os cenários, exceto o Potencial de Criação de Oxidação Fotoquímica (POCP), que pode ser considerado comparável para ambas as embalagens ao levar em conta uma margem de segurança de 25% nos resultados para gerir a incerteza do modelo e dos dados utilizados.
(...) O maior impacto ambiental das caixas de cartão esteve relacionado com a fase de fabrico (silvicultura, abastecimento de madeira e produção), enquanto que a poupança se concentrou no fim de vida, principalmente devido à recuperação de fibras secundárias do papel. Por outro lado, o maior impacto ambiental das caixas de plástico esteve relacionado com a fase de utilização (incluindo o regresso dos pontos de venda aos centros de distribuição, os processos de inspeção e sanitização e o transporte das caixas de volta às frutas e legumes produtores), seguida da etapa de fabrico (produção de polímero granulado). Mais uma vez, a economia também se concentrou na fase de fim de vida devido à recuperação de peças de plástico reciclado.
(...) Em suma, justifica-se neste caso de estudo a utilização de uma solução de plásticos de utilização múltipla em detrimento de outros materiais de embalagem, caso que provavelmente é extensível a muitas outras situações. No entanto, para que essa preferência seja verdadeira, as cadeias de abastecimento devem garantir a gestão correta dos processos de fim de vida. Caso contrário, os plásticos perdem atratividade como opção de embalagem e podem gerar múltiplos problemas quando descartados de forma inadequada, chegando ao ambiente natural como um perigo para a biota. Portanto, neste estudo defende-se uma análise caso a caso da adequação do uso de plásticos para embalagens, reconhecendo as situações em que ele será a opção preferencial em relação a outros materiais, mas também identificando aquelas cadeias produtivas em que seu uso multiplica o impacto ambiental que pode advir.
Fonte: R. Abejón, A. Bala, I. Vázquez-Rowe, R. Aldaco, P. Fullana-i-Palmer, When plastic packaging should be preferred: Life cycle analysis of packages for fruit and vegetable distribution in the Spanish peninsular market, Resources, Conservation and Recycling 155 (2020) 104666,