Imagem: CHPM2030 Deliverable D6.2.2, Portugal Iberian Pyrite Belt.
A Faixa Piritosa Ibérica (FPI) é uma das mais importantes províncias de sulfuretos maciços do mundo e tem sido explorada durante mais de 5 000 anos. A sua rica história de mineração é conhecida por ter sido muito importante nos tempos Tartessianos e Romanos, onde o trabalho ocorreu principalmente sobre os jazigos aflorantes, nomeadamente nas suas zonas de oxidação e cimentação dos depósitos de ouro, prata e cobre. Mesmo após a extração contínua de metais por mais de 5000 anos, a FPI mantém reservas de metal excecionalmente elevadas.
(...) Cerca de 80 minas operaram nos últimos cem anos na FPI, com uma produção total de cerca de 300 milhões de toneladas de minérios polimetálicos, embora o enxofre e o cobre tenham sido os principais elementos processados na maioria dos casos (Strauss e Madel, 1974).
(...) No sector português do FPI existem duas minas que estão a extrair minério activamente: a Aljustrel (produtora de cobre e zinco) e a Neves-Corvo (produtora de cobre e zinco).
Fonte: D. P. S. de Oliveira, M.J. Batista, J.X. Matos, T. P. Silva, Mineral sustainability of the Portuguese sector of the Iberian Pyrite Belt, Comunicações Geológicas (2020) 107, Especial III, 11-20
A dimensão dos depósitos de pirite varia entre centenas de Mt (Aljustrel, Neves-Corvo, Rio Tinto, Tharsis, Aznalcollar - Los Frailes, Sotiel - Migollas) e 1 Mt (ex. Chança, Montinho). Com cerca de cinco mil anos de atividade extrativa o território da FPI possui um importante espólio mineiro sobretudo da época romana e dos séculos XIX e XX, caracterizado por inúmeros malacates e poços de extração, amplas cortas e variadas infraestruturas de apoio como moinhos britadores, chaminés de ustulação, tanques de cementação, campos de lixiviação, centrais de energia, barragens, canais de drenagem, caminhos-de-ferro e portos mineiros (Matos et al. 2008a, Matos 2009).
Fonte: J. Matos, Z. Pereira, J.T. Oliveira, A Rota da Pirite, uma rede de sítios geológicos e mineiros dedicada ao património e história da Faixa Piritosa Ibérica, Revista Electrónica de Ciências da Terra, 18 (2018) nº18
A CUF e o processamento de pirites com vista ao ácido sulfúrico
(...) Os minérios de pirite maciços e semi-maciços da mina do Lousal foram processados desde a década de 1950 na fábrica química da Companhia União Fabril (CUF), localizada no Barreiro, perto do rio Tejo, a sul de Lisboa (Silva, 1996; Leal da Silva Pers. Com.). Minério de outras minas do IPB foi também processado na CUF (por exemplo, Aljustel e São Domingos). Em 1956, foi construída uma pequena unidade piloto de extração de selénio na CUF (operada entre 1963 e 1969), para permitir a extração química de minérios IPB maciços e semimaciços. Esta central recuperou Se com concentrados com uma média de 95,5% de Se.
Fonte: D. P. S. de Oliveira, M.J. Batista, J.X. Matos, T. P. Silva, Mineral sustainability of the Portuguese sector of the Iberian Pyrite Belt, Comunicações Geológicas (2020) 107, Especial III, 11-20
A CUF instalou-se no Barreiro, aproveitando a proximidade das vias de circulação - rio Tejo e estação de caminho-de-ferro do Sul, cuja ligação era fundamental para receber a maioria das matérias-primas provenientes das minas de pirite do Alentejo.
A CUF revolucionou a indústria em Portugal, na terceira geração da industrialização (indústria química), e representa para Portugal um exemplo paradigmático de industrialização, desenvolvendo e construindo uma verdadeira cidade industrial para acolher os milhares de trabalhadores que entretanto iam chegando ao Barreiro.
Fonte: Diário da República n.º 203/2020, Série II de 2020-10-19, páginas 77 - 81
A partir da ustulação (queima) da pirite se fabricava o ácido sulfúrico.
O sulfato de amónio é um fertilizante utilizado na agricultura e é produzido a partir do composto químico amoníaco com o ácido sulfúrico. (...) O sulfato de amónio foi o primeiro adubo azotado e fabricado inicialmente pelo processo Haber-Bosch.
Fonte: A. P. Gonçalves, Baía do Tejo, Artigo 006
Imagem: A. P. Gonçalves, Baía do Tejo, Artigo 006
O que é a pirite?
A Pirite, também chamada de Pirite de enxofre ou Pirite de ferro, é um mineral com a fórmula química: FeS2 (dissulfeto de ferro). Este mineral surge na forma de grandes cristais, com a forma característica em cubo ou o em dodecaedro pentagonal, porém ocorre sob mais de 60 formas cristalinas diferentes. Os cristais de configuração ideal apresentam estrias típicas na face do cubo que identificam bem este mineral. É também uma forma mineral de fossilização, chamada de permineralização.
Devido ao seu brilho metálico e à cor amarelo-dourada, é muitas vezes apelidado de ouro-dos-tolos (ou ouro-dos-parvos).
Fonte: Museu da Ciência - Universidade de Coimbra
Mina de Neves Corvo: mudança de dono em 2024/2025
A [sueca] Boliden AB anunciou ter concluído a aquisição dos complexos mineiros de Neves-Corvo, da empresa Somincor, no concelho de Castro Verde, no distrito de Beja, em Portugal, e de Zinkgruvan, na Suécia.
“A aquisição quase duplicará a produção de concentrado de zinco da Boliden e reforçará significativamente a sua produção de concentrado de cobre”, destacou a multinacional.
Em 09 de dezembro do ano passado [2024], foi anunciada a celebração de um acordo entre a Boliden AB e a multinacional sueco-canadiana Lundin Mining para a aquisição da mina de cobre e zinco da Somincor, em Portugal, e da mina de zinco de Zinkgruvan, na Suécia.
Na altura, foi divulgado que o negócio ascendia a um montante total de 1,52 mil milhões de dólares americanos (cerca de 1,34 mil milhões de euros, à taxa de câmbio da altura).
Também em comunicado divulgado hoje, a Lundin Mining anunciou “a conclusão da venda das suas operações de Neves-Corvo, em Portugal, e Zinkgruvan, na Suécia, à Boliden AB”.
“No fecho da transação, a Lundin Mining recebeu receitas em dinheiro no valor de 1,40 mil milhões de dólares (cerca de 1,24 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual), que incluem juros acumulados a partir da data de ‘lock-box’ de 31 de agosto de 2024”, pode ler-se no comunicado consultado pela Lusa.
Constituída em 24 de julho de 1980, a Somincor é a concessionária da mina de Neves-Corvo, que produz sobretudo concentrados de cobre e de zinco, assim como prata e chumbo, e onde trabalham cerca de 2.000 pessoas.
A empresa esteve ligada ao grupo Lundin Mining durante cerca de duas décadas, sendo a maior mina de zinco na Europa e a sexta maior de cobre também no continente europeu, assim como a maior empregadora da região.
No ano passado, saíram da mina de Neves-Corvo 109.571 toneladas de concentrado de zinco, mais 759 toneladas do que no ano anterior, enquanto no cobre, a produção ficou-se pelas 28.228 toneladas, menos 5.595 do que em 2023.
Fonte: Expresso / Lusa
Mina de Aljustrel: de belga a portuguesa, com uma pausa pelo meio
A Societé Anonyme Belge des Mines d’Aljustrel, empresa Belga, explorou com várias estruturas acionistas a mina até à sua nacionalização em 1975.
Na década de 80 a mina procurou novos caminhos, iniciou estudos de valorização dos seus minérios, no sentido de promover produções dos metais básicos não ferrosos nele contidos, acrescendo mais valor à suas produções. Com o P.P.C. – Projeto de Produção de Concentrados, em 1991, acrescentou-se na Lavaria Industrial a capacidade de produzir o concentrado de cobre e zinco bem como de pirite flutuada.
A laboração foi suspensa em 1993 por motivos técnico-económicos. Entre 2000 e 2006, foram desenvolvidos vários projetos e, em meados, de 2006 a mina retomou as atividades mineiras em Aljustrel, com a redefinição da área de concessão com o Estado Português.
Dois anos mais tarde, em novembro de 2008, a atividade foi novamente suspensa devido à crise financeira global.
Posteriormente é o Grupo Português I’M Mining S.G.P.S., S.A. que adquire a empresa, alterando a denominação social para ALMINA – MINAS DO ALENTEJO, S.A. ALMINA explora minérios de zinco, chumbo e cobre.
Fonte: Almina