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Sobre a (inesperada) presença de empresas da indústria química e petroquímica nos patrocínios a clubes de futebol, incluindo em Portugal e Brasil


Uma parte muito significativa da indústria química não vende a consumidores finais, vende a outros clientes empresa (B2B). Por este motivo, é comum que os jovens estudantes, eventualmente aspirantes a profissionais de engenharia química, não tenham consciência e conhecimento da associação destas empresas a atividades desportivas, desde logo o futebol.

Para isto também concorre o facto de muitas das empresas e indústrias do setor químico não publicitarem nem se associarem publicamente a causas ou atividades culturais de onde a sua existência e marca possam sobressair, ou por não acharem que haja algum ganho tangível ao fazerem-no, ou tão só porque não têm nos seus orçamentos margem financeira para campanhas de marketing ou patrocínios de grande escala.

Em todo o caso, no mundo do futebol, existem vários exemplos do envolvimento de empresas da indústria química e petroquímica no patrocínio de equipas de futebol ou mesmo na propriedade de clubes de futebol. Apresentamos abaixo algumas dessas empresas, com destaque para os casos da Galp Energia em Portugal, e da Petrobrás no Brasil, mas não só.

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  • Galp (Portugal):
"A Galp é patrocinadora oficial da Seleção Nacional desde 1999. São 20 anos a levar a Seleção e Portugal a peito e a vibrar, lado a lado com os portugueses, no seu apoio e dedicação à Equipa das Quinas. Ao longo das últimas duas décadas a Galp produziu campanhas icónicas de apoio como “Menos Ais” protagonizada por Luís Figo e com música dos Da Weasel, as Vuvuzelas, no Mundial de 2010 ou recentemente, em 2018 com o movimento “Leva Portugal a Peito”.

A força da Seleção Nacional, no país e no mundo, espelha a força da marca e transporta-a por todo o lado."
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Campanha da GALP de apoio à seleção 
portuguesa de futebol,  “Leva Portugal a Peito”.


  • CUF (Portugal):
Fundado em 1937, o clube teve a sua primeira experiência na elite a principio dos anos quarenta. Durante trinta anos na margem do sul do Tejo viveu um gigante adormecido do futebol português. Apoiado por uma das maiores empresas estatais do Estado Novo, a CUF foi o exemplo de como o corporativismo podia ter produzido um campeão nacional. O Barreiro nunca celebrou um titulo mas atravessar o Tejo foi sempre um pesadelo para os que queriam medir-se com uma equipa que teve menos ambição do que recursos para brilhar.

Todos eles jogaram no clube e trabalharam na fábrica. Dois lados da mesma moeda. Uma espécie de Juventus à portuguesa, debaixo do mecenato de uma empresa com um peso institucional importante. E no entanto, para muitos, foi também a falta de ambição dos seus directivos – que alguns acusaram de serem mais adeptos do Sporting ou do Benfica do que do seu próprio clube – que impediu sempre o clube de dar um passo mais. A CUF nunca se aventurava no mercado, nunca regateou um jogador a um grande. Limitava-se a formar os seus futebolistas, recrutando-os no distrito ou dentro da fábrica, e a dar trabalho e futuro aqueles que andavam debaixo do radar dos grandes de Lisboa. Sem grande alarido, iam sobrevivendo quando tinham o potencial económico e psicológico para procurar algo mais.
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Fonte: Futebol Magazine

Equipa da CUF na época 1948/49.

  • Petrobrás (Brasil):
"O maior caso de patrocínio da Petrobrás relacionada ao futebol brasileiro diz respeito ao acordo com o Flamengo [Clube de Regatas do Flamengo], que durou 25 anos. Petrobrás exibia no uniforme rubro-negro alguns dos seus produtos, como o óleo lubrificante Lubrax ou a Gasolina Podium. Esta parceria terminou em 2008.

Além do histórico acordo com o Flamengo, a empresa estatal brasileira patrocinou o River Plate por algumas temporadas e houve até um plano de expôr a marca no Manchester United, o que não saiu do papel."
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Fonte: Torcedores
Patrocínio da Petrobrás ao Flamengo, 
terminada em 2008.

  • Evonik (Alemanha):
"O Borussia Dortmund (BVB) é uma equipa de sonho na Bundesliga da Alemanha e na Liga dos Campeões da UEFA. A Evonik, grupo industrial de Essen, tem apoiado o histórico clube de Dortmund com grande paixão como seu principal patrocinador desde a temporada de futebol de 2007/08, quando a marca Evonik surgiu. Isso fica claro nos anúncios que a Evonik publica regularmente nos jogos em casa do BVB: Com humor, eles mostram como a paixão dos fãs pelo seu clube deixam uma marca no dia a dia. Nesse sentido, os fãs são muito parecidos com a Evonik: criativos, poderosos e corajosos."
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Fonte: Evonik

Patrocínio da Evonik ao Borussia Dortmund.


  • GAZPROM (Rússia):

Para a GAZPROM, tudo começou com o Zenit São Petersburgo. A empresa ajudou o clube da "Veneza do Norte" a sagrar-se campeão russo em 2007, 2010, 2012, 2015 e 2019, a tornar-se uma força desportiva importante. Em 2008, o Zenit chamou a atenção da Europa ao vencer a Taça UEFA e a Supertaça Europeia. Mais de 60% da população de São Petersburgo são fãs do Zenit e muitos deles torcem pela equipa nos jogos em casa na Arena GAZPROM.

Em 2007, outro clube tornou-se parte da família GAZPROM, naquela que foi a primeira parceria fora da Rússia. O FC Schalke 04, sete vezes campeão alemão, destacou-se nos últimos anos com algumas atuações extraordinárias na UEFA Champions League e na UEFA Europa League. O clube da classe trabalhadora do Vale do Ruhr, o coração industrial da Alemanha, era o parceiro ideal para o GAZPROM, principalmente por causa de seus fãs excepcionais.

Outra parceria de sucesso da GAZPROM foi o envolvimento com a Sérvia, mais precisamente com o Crvena Zvezda (Estrela Vermelha de Belgrado). Desde 2010, a GAZPROM está envolvida com o clube fundado em 1945 como patrocinador. A GAZPROM teve o prazer de se tornar o principal patrocinador do clube, não apenas porque eles são os campeões sérvios e vencedores de taças, mas também porque mais de quatro milhões de pessoas nos países dos Balcãs, de todas as esferas da vida, são apoiantes apaixonados da Crvena Zvezda.
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Fonte: GAZPROM

Gazprom: patrocinadora dos russos do Zenit de São Petersburgodos, dos alemães do FC Schalke 04 (acima), e o clube sérvio Estrela Vermelha.

  • INEOS (Inglaterra):
Em agosto de 2019, a INEOS concluiu a aquisição o clube francês OGC NICE, que joga na Ligue 1. O clube tornou-se parte do 'INEOS Football', liderado pelo CEO Bob Ratcliffe.

Sir Jim Ratcliffe, presidente do INEOS, disse na altura: ‘Estamos absolutamente encantados com a aquisição da OGC Nice. Foi uma longa jornada para chegar até aqui, mas é único e estávamos determinados a concluir a compra do clube. Analisamos muitos clubes da maneira que consideramos as empresas do INEOS - por valor e potencial - e Nice cumpre esse critério. Com algum investimento sensato e medido, queremos estabelecer o OGC Nice como uma equipe que compete regularmente nas competições europeias de clubes. E importante, sustentá-lo. ”

A INEOS é também  dona do Lausanne Sports Football Club, adquirido em novembro de 2017.
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Fonte: INEOS

  • Chevron (EUA):
Em fevereiro de 2019, o Los Angeles Football Club (LAFC) anunciou uma parceria plurianual com a Chevron Corporation. A Chevron atua desde então como parceiro oficial de energia do clube, demonstrando seu compromisso com as comunidades locais, na forma de reformas em instalações futebol em toda a região sul da Califórnia.

"Estamos entusiasmado por receber a Chevron na família Black & Gold", disse o presidente e proprietário da LAFC, Tom Penn, à data. “A Chevron partilha a ambição do nosso clube de inspirar, desenvolver e elevar a comunidade do sul da Califórnia. Estamos ansiosos para trabalhar com a Chevron para ser uma força para o bem em Los Angeles. ”
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Fonte: Los Angeles Football Club 


  • ROMGAZ (Roménia):
Mais um exemplo de clube detido por uma empresa industrial na área da química é o CS Gaz Metan Mediaş. A história da ligação industrial a este clube remonta a 1948, altura em que, afetado por problemas financeiros e condições inadequadas de treino, a Federação Romena de Futebol (FRF) decidiu à data permitir que a fábrica Zorile Roșii (Red Dawn) assumisse a propriedade do clube. Após algumas fusões e nova mudança de propriedade em anos subsequentes, o clube foi então adquirido pela empresa Ateliere Gaz Metan e o nome foi alterado para Gaz Metan Mediaș.

A Ateliere Gaz Metan corresponde atualmente à RomGaz, empresa romena dedicada à exploração e comercialização de gás natural, e que tem o Governo da Roménia como o principal acionista, 70,01% das ações da empresa.
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Fonte: ROMGAZ Wikipédia

ROMGAZ, dona e patrocinadora do CS Gaz Metan Mediaş.