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Sobre o notável desempenho de grafeno para recuperar ouro contido em lixo eletrónico, sugerindo que essa reciclagem poderá vir a ser lucrativa e mais abrangente


O lixo eletrónico (e-waste) é o resíduo sólido que mais cresce no mundo e apresenta riscos ao meio ambiente e à saúde humana. Atualmente, menos de 20% do lixo eletrónico é reciclado, principalmente por falta de tecnologias com eficiência e viabilidade económica suficientes para recuperar elementos valiosos dentro dele [1-5]. O ouro é a parte mais valiosa do lixo eletrónico, e sua extração eficiente pode transformar o desafio da reciclagem num negócio lucrativo [6-8]. O carvão ativado é amplamente utilizado para extração de ouro, mas apresenta desvantagens significativas, incluindo baixa capacidade de extração, baixa seletividade e alta intensidade de energia e recursos [9-11]. Há uma forte procura para desenvolver novos materiais de extração de ouro com maior capacidade de extração e seletividade.

(...) O comportamento de extração de ouro desses materiais é conseguido principalmente pela imobilização dos iões de ouro com a porosidade intrínseca e pela redução química desses iões de ouro pelos grupos funcionais adicionados. Exemplo do conjunto de adsorventes de ouro são, por exemplo, o dissulfeto de molibdênio bidimensional [16-18], amiloide[19,20], ciclodextrina[21] e diamida[22].

(...) Esses adsorventes apresentam uma alta capacidade de extração de ouro em concentrações de ouro de 500 ppm-3000 ppm [12-22], mas essa capacidade diminui para menos de 250 mg/g na faixa de concentração relevante para a reciclagem de lixo eletrônico, especificamente, do nível de ppb a dezenas de ppm [4,12,19].

(...) Investigadores da  Shenzhen Institute of Advanced Technology e da Tsinghua University (ambas chinesas) relataram uma capacidade de extração de ouro excepcionalmente alta de óxido de grafeno quimicamente reduzido (rGO), atingindo 1850 mg/g e 9059 mg/g ao extrair ouro de sua solução de 10 ppm a 25 °C e 60 °C, respectivamente, combinados com a capacidade de extrair ouro em concentrações mínimas, até partes por trilhão e alta seletividade.

Durante a extração, rGO reduz mais de 95% de iões de ouro a ouro metálico, evitando eluição e precipitação necessárias no processamento pós-adsorção. Além disso, a extração do ouro pode ser feita de forma seletiva, sem adsorção dos outros 14 elementos normalmente presentes no lixo eletrónico. Isso, por sua vez, possibilita a reciclagem do cobre, o segundo metal mais valioso do lixo eletrónico.

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Fonte: Li, F., Zhu, J., Sun, P. et al. Highly efficient and selective extraction of gold by reduced graphene oxide. Nat Commun 13, 4472 (2022).