Do tradicional e badalado tapete persa a temas afetos à engenharia química (EQ) talvez não vá uma distância tão grande assim como possa parecer. Isto se atentarmos no assunto específico do tingimento de lã de ovelha (o material de que são feitos os tapetes) com corantes naturais, processo que integra uma arte com milhares de anos de história.
O documentário O Tapete Voador (de João Mário Grilo, 2008) é uma interessante peça de tecelagem do passado dos portugueses com a beleza, cultura e fascínio pela arte persa (atual Irão). Focando no que diz mais respeito à EQ, vale a pena salientar a apresentação do passado e presente da tinturaria de lã, onde processos artesanais feitos sem infraestrutura e métodos industriais foram atualizados para uma realidade industrial, sem com isso se tenham perdido a ciência e mote de usar corantes de origem natural para tingir lã.
A certa altura do documentário são exibidas as fórmulas para produzidas várias cores a partir de extratos vegetais (e animais), a saber:
- Cochinila (animal);
- Garança (vegetal);
- Lírio-dos-tintureiros (vegetal);
- Casca de castanha (vegetal);
- Pele de castanha (vegetal);
- Mostarda (vegetal) + Sulfato de alumínio + sulfato de ferro;
- Parra da vinha (vegetal) + Sulfato de alumínio;
- Casca de romã (vegetal) + Sulfato de alumínio;
- Casca de romã (vegetal)+ Sulfato de cobre;
- Casca de romã (vegetal) + Sulfato de ferro.
Na falta de motivos culturais para suscitar o interesse pelos tapetes persas, fica a sugestão de assistir a este documentário como parte da história da química e da indústria têxtil, onde a realidade ancestral destes produtos deve ser contraposta ao surgimento do corante sintético indigo (dos jeans); à dos corantes naturais que caíram em desuso ao longo da história; ao contributo para a segurança humana que processos industriais estruturados trouxeram a atividades tradicionais como a obtenção de enxofre, ou tingimento de curtumes; assim como contributos ambientais (na forma de poupança de água) no tingimento de têxteis.