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Sobre o amianto, o mineral que é, e a familiaridade com a problemática da nanotecnologia


Telhado em fibrocimento.

Amianto ("Asbestos") é a designação de uma classe de minerais de silicato de magnésio de ocorrência natural numa forma fibrosa.

Assim, ao contrário de muitos compostos perniciosos cujo aparecimento e difusão foram e são produtos das atividades de I&D de química e engenheira química, o amianto é um material que ocorre naturalmente na natureza, e que soma a isso propriedades mecânicas e térmicas apreciáveis. Estas propriedades justificam o interesse industrial e comercial em usar amianto como isolante térmico ou em formulações para a construção como o fibrocimento. Este último é de resto a grande aplicação do amianto, o qual pode surgir na composição deste material de construção em proporções (presumivelmente mássico) na "ordem de 10 a 20%[1]


Variantes e Aplicações
"Os asbestos do tipo crisótilo (amianto branco) representam fibras em forma de serpentina, muito flexíveis, finas e longas. São resistentes à alcalinidade forte mas não são estáveis à acidez. São igualmente bons isoladores térmicos. As indústrias têxtil e cerâmica são as que maior partido tiram destas suas propriedades. De facto, o crisótilo representa 95% dos asbestos usados comercialmente, o que muito se deve à sua abundância natural nas formações rochosas de todo o mundo." [2]

"Os asbestos do tipo anfíbola representam um grupo de fibras minerais em forma de agulha. São mais estáveis ao calor e à acidez que os crisótilos, mas mais vulneráveis à forte alcalinidade. São, sobretudo, utilizados na indústria do papel, cartão, fibrocimento, etc. Em particular, a amosite (de cor cinzento escuro) e a crocidolite (amianto azul) são as que possuem maior interesse comercial." [2]


O perigo para a Saúde
"É na inalação despercebida das fibras que reside o perigo, uma vez que elas penetram nos tecidos pulmonares, sem que as defesas do nosso organismo as consigam destruir todas. Este facto, pode após anos de exposição, levar ao desenvolvimento de doenças graves como a asbestose, o mesotelioma, doenças pleurais e o cancro do pulmão.[2]

"É importante reconhecer que as doenças provocadas pelos asbestos são o resultado de um contacto prolongado com níveis elevados das suas fibras.[2]

"Estas doenças praticamente só atingem pessoas que estão ou estiveram expostas a níveis elevados de asbestos durante um longo período de tempo (por exemplo os trabalhadores das fábricas de fibrocimento). Para as outras pessoas, os riscos são extremamente baixos. Por exemplo, se alguém estiver sentado num edifício que contenha amianto, é mais provável ser atingido por um raio do que vir a morrer prematuramente devido ao amianto.[2]

As fibras de amianto têm dimensões na ordem de 
grandeza do tamanho das bactérias

O risco do amianto vs. o debate em torno da Nanotecnologia
Pelo exposto acima, o problema do amianto para a saúde humana é muito parecido com problema da nanotecnologia, em particular dos nanotubos de carbono [3]. Enquanto que a tradicional discussão em torno dos efeitos de compostos químicos se concentra no verificar e salvaguardar as implicações da interação bioquímica com o organismo humano, sempre que o que está em causa são partículas de dimensões muito reduzidas, o problema coloca-se no modo como essas partículas podem ultrapassar a barreira que é a pele,  ou ser ingeridas/inaladas, e surgir no interior de células, descontrolar os mecanismos de defesa do organismo, e suscitando complicações metabólicas/funcionais que dão azo a doenças como o cancro ou outras.


Referências
[1] INSA
[2] Monografia - Fátima Sardo, Rita Basto, Sara Costa - Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. 
[3] Royal Society of Chemistry