Últimas

Search Suggest

Sobre trechos do livro Capitalismo Natural: novos processos

Não se tratando de um livro cujo tema se esgota exclusivamente no universo da engenharia química, Capitalismo Natural, da autoria dos norte-americanos Paul Hawken, Amory Lovins e L. Hunter Lovins, é um livro que apregoa a “Próxima Revolução Industrial”, algo que certamente é do interesse dos engenheiros químicos.

Aproveito para partilhar alguns trechos desta obra, que espero que sirvam de incentivo à leitura deste livro tão interessante.

image





SOBRE A INOVAÇÃO E OS NOVOS PROCESSOS :


Uma área particularmente interessante do progresso em saltos é o potencial de substituir os processos de altas temperaturas por outros mais amenos e baratos, baseados em modelos biológicos que muitas vezes envolvem o uso de verdadeiros microrganismos e enzimas. Tais descobertas provêm da observação e imitação da natureza. 


Ernie Robertson, do Biomass Institute, de Winnipeg, notou que há 3 maneiras de transformar a pedra calcária em material estrutural. Pode-se cortá-la em blocos (o que é bonito mas desinteressante); moê-la e calciná-la a 1480ºC, transformando-a em cimento Portland (o que é deselegante), ou com ela alimentar uma galinha e recuperá-la, horas depois, na forma de uma casca de ovo ainda mais resistente. Se fôssemos inteligentes como as galinhas, sugere ele, dominaríamos essa tecnologia elegante, próxima da temperatura ambiente, expandindo-lhe a escala e velocidade. Se fôssemos inteligentes como os mariscos e as ostras, até conseguiríamos fazer o mesmo devagar, a cerca de 4,5ºC, ou então transformar a água fria do mar em microestruturas tão impressionantes quanto a concha interna do haliote, que é mais dura que a cerâmica da ogiva de foguetes.

A única coisa que possuímos que se aproxima da seda (da aranha) é o Kevlar de poliaramida, uma fibra tão dura que consegue deter uma bala. Todavia, para fabricar Kevlar, colocamos moléculas de derivados de petróleo em uma caldeira pressurizada de ácido sulfúrico concentrado e fervemos a mais de 100ºC a fim de obrigá-las a tormar a forma de um cristal líquido. Depois as submetermos a altas pressões para forçá-las a alinhar-se quando as retiramos. A energia necessária é extrema; os subprodutos tóxicos, odiosos.

A aranha consegue fabricar uma fibra igualmente forte e muito mais resistente à temperatura do corpo, sem alta pressão, sem calor nem ácidos corrosivos. Se aprendêssemos a fazer o que fazem as aranhas, poderíamos tomar uma matéria-prima solúvel, que seja infinitamente renovável, e fabricar uma fibra superforte, insolúvel na água, com um consumo insignificante de energia e nenhum subproduto tóxico.