"Medidas recém-lançadas pelo governo federal para beneficiar a indústria química, que abrangem a desoneração do PIS/Cofins para os elos dessa cadeia produtiva, devem ajudar as fabricantes, mas não são suficientes para tornar o setor mais competitivo no médio e longo prazo.
A avaliação é do presidente do Sinproquim-SP (Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos no Estado de São Paulo), Nelson Pereira dos Reis, que tomou posse na sexta-feira para sua terceira gestão à frente da entidade. Ele enxerga diversos problemas para a atividade, relacionados em grande parte ao Custo Brasil (por exemplo, matéria-prima, taxas de juros e carga de tributos mais alta que no Exterior), como barreiras para a ampliação de investimentos no País.
Pereira assinala que a redução do PIS/Cofins de 5,6% para 1%, com a manutenção de créditos tributários de 9,25% que passa a valer não apenas para indústrias petroquímicas - como a Braskem, que tem fábrica no Grande ABC -, mas também para suas empresas clientes (fabricantes de produtos plásticos, tintas e cosméticos, por exemplo), são bem-vindas, e trazem desoneração líquida de mais de 8%, mas são algo pontual e que têm prazo para acabar (três anos).
Além disso, o segmento enfrenta ainda entraves como os custos mais altos na aquisição de insumos, como o gás natural, adquirido principalmente da Petrobras. "Não há clareza quanto à disponibilidade nem quanto ao preço, que aqui é quatro a cinco vezes mais caro que nos Estados Unidos", observa o dirigente.
Com a falta de competitividade, as indústrias nacionais veem crescer a concorrência de produtos de outros países no mercado interno. O cenário leva o setor a registrar o pior resultado da balança comercial em sua história, com deficit de quase US$ 30 bilhões nos últimos 12 meses. No primeiro trimestre deste ano, o deficit de US$ 6,7 bilhões é 18% maior que o do mesmo período de 2012. "A curto prazo não temos chance de reverter isso", observa."
Fonte: Diário do Grande ABC