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Sobre o gás natural e a sua relevância na política internacional

Dois dos assuntos que o Blogue Engenharia Química tem acompanhado são o enorme impacto que a exploração de gás de xisto tem vindo a provocar no universo da indústria química mundial em virtude da substancial queda do preço do gás natural norte-americano (e consequentes ganhos de competitividade das operações industriais realizadas nessa economia), mas também os avanços observados na exploração de gás natural offshore, os quais têm alargado a rede de fornecimento deste produto por via do transporte marítimo.

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Tudo o que diga respeito a gás natural afecta a indústria química de modo transversal porque esta energia (e o seu custo) constitui uma variável universal a qualquer empresa dos setor, nem que pela via indireta, isto é, através dos preços a que se adquirem produtos refinados ou sintetizados por outras empresas de que se dependa.

Alterações na oferta de gás natural afectam o desempenho económico dos muitos países com economias muito suportadas em venda de produtos petrolíferos, levando o tema a patamares que ultrapassam o domínio técnico e económico da engenharia química, nomeadamente constituindo matéria de política internacional,  já que enfraquece ou fortifica a posição de uns Estados em detrimento de outros. A este respeito:

"A revolução do gás de xisto reduziu o preço do gás americano em 70%. É provável que a Europa siga as mesmas pisadas, e o receio de depender da Rússia serviu de alavanca a vultuosos investimentos em liquidificação de gás natural e gasodutos alternativos.

O valor da Gazprom [empresa russa] passou de 270,3 mil milhões de euros em 2007 para 57.8 mil milhões de euros hoje em dia: o volume de negócios cai 10% ao ano." [1]

Neste pequeno trecho encontramos todo um panorama que envolve 3 regiões muito importantes na equação da energia mundial: os EUA, altamente motivados para a revitalização industrial dentro de portas, a Rússia, que já usou o gás natural como arma de arremesso e chantagem política, e que tem fracassado na conservação desse poder,  e a Europa, que regista perdas de competitividade no custo da energia, e não pretende ficar depedente nem dos preços nem da vontade da Rússia no abastecimento de gás natural.