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Sobre a síntese da ureia e seu papel na química orgânica do séc. XX


A ureia é um produto de grande consumo na indústria química (15º lugar, em 2000, no top 50 commodities dos EUA) cujo papel no período pré-industrial foi já destacado no BEQ. Porém, esta molécula parece fadada a ocupar posição de destaque na história da ciência e indústria química por mais do que um motivo.

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Selo alemão, em homenagem a Friedrich Wöhler


Em 1828, o alemão Friedrich Wöhler (1800-1882) realizou em Berlim uma experiência que marcaria a história da química orgânica: na tentativa de preparar cianato de amónia, a partir de cianato de potássio e sulfato de amónia, obteve uns cristais brancos que se assemelhavam a ureia. Por intermédio de ureia obtida a partir da urina de cão e/ou humana (a única fonte disponível deste composto), Wöhler conseguiu confirmar que havia sintetizado inesperadamente um composto orgânico a partir de reagentes inorgânicos.

Berzelius havia cunhado em 1807 o termo "orgânico" para designar substâncias produzidas por um organismo vivo, planta ou animal, em contraste com substâncias de origem mineral, definidas como inorgânicas.

Pensava-se que os compostos orgânicos tinham uma "força vital" que podia ser transmitida de uma planta ou animal a outro. Esta teoria estabelecia como premissa que apesar dos compostos inorgânicos poderem ser alvo de síntese em laboratório, o mesmo não era possível para os compostos orgânicos, pelo menos a partir de reagentes inorgânicos.

A descoberta de Friedrich Wöhler, deveu-se ao facto de o cianato de amónia ser um isómero da ureia. Foi um grande rombo na teoria vitalista, a qual viria a cair por terra em 1845, quando Hermann Kolbe preparou ácido acético a partir dos elementos puros.

A definição de química orgânica voltou-se então para a química dos compostos de carbono, independentemente de serem obtidos naturalmente ou por via sintética.


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