Temos que voltar ao essencial'. A função do governo é fomentar a investigação que irá produzir o tipo de progressos fundamentais nos domínios da química, ciências dos materiais, biologia, física e nanotecnologia capazes de abrir caminho a novas abordagens para a resolução dos problemas energéticos, abordagens essas que criam novos blocos de construção para a energia e formas mais fáceis de os inovadores os agregarem. Os investidores de capital de risco podem, então, escolher as ideias mais promissoras e tentar comercializá- las. Mas para encontrar uma ideia muito boa, uma Google verde, é preciso que centenas de cientistas e recém-doutorados testem diferentes opções.
É para isso que serve o financiamento de base para a investigação", explicou Nate Lewis, da Caltech. "A ciência de base da energia faz a seguinte pergunta: Como é que fazemos coisas novas, com novos materiais, de maneiras novas? O que tentamos criar nos nossos laboratórios é a engenharia científica, que diz: 'Aqui está uma nova forma de o fazermos. Pode ser feito'. "É então que surgem os investidores de capital de risco e investem dinheiro, para ver se pode ser feito de modo a atingir escala e a baixo custo. Muitas vezes não é possível. "Mas é necessária uma investigação pré-concorrencial para lançar as sementes neste jardim', disse ele. "É preciso financiar uma centena de ideias, porque sabemos que 99 não vão funcionar, mas uma será a próxima Google. Quando alguém perguntou a Linus Pauling, por duas vezes laureado com o Nobel, como é que tinha tantas ideias boas, ele respondeu: "É porque tenho muitas ideias."
Ninguém deve viver na ilusão de que a comunidade dos investidores de capital de risco pode substituir um forte financiamento governamental ao nível da investigação científica de base. A função do investidor de capital de risco é escolher as flores que já desabrocharam e ver se consegue transplantá-las para culturas que podem atingir escala. Mas se ninguém plantar as sementes para ter essas flores, não haverá muito por onde escolher.
Fonte: Thomas L. Friedman, Quente, Plano e Cheio: Porque Precisamos de uma Revolução Verde (Livro)