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Sobre perigos ambientais inesperados causados pelo maior complexo do mundo de energia solar térmica (EUA) para com as aves que sobrevoam a instalação




Quando pensamos nos perigos ambientais que o aproveitamento de energia solar pode encerrar, dificilmente nos acharemos estar perante cenários de maior risco do que os da queima de gás natural ou carvão, ou mesmo da energia nuclear, desde logo porque a fonte de energia é sustentável e tudo que a envolve parece mais "verde".

Acontece que uma fonte de energia pode ser sustentável mas a sua forma de exploração não o ser para determinadas populações de seres vivos implicados nessa iniciativa. Vem isto a propósito dos problemas reportados na central solar conhecida por IVANPAH situada no deserto de Mojave, sito no estado da Califórnia (EUA). Em operação desde 2013 na qualidade de maior complexo de energia solar térmica, o projeto vê-se a braços com o inesperado problema de relação com a fauna local.

Pese embora o seu contributo de 377 MW de energia elétrica para a rede, capaz de abastecer mais de 140 mil residências domésticas nos picos de consumo diários, e apesar das 400 mil toneladas de CO2 que evita lançar na atmosfera todos anos, o projeto está a ser postos em causa porque produz danos colaterais severos nas populações de aves que habitam ou se cruzam com a /na sua localização. 

As estimativas existentes variam muito, mas calcula-se que desde a sua abertura o complexo possa ter sido responsável pela morte de até 28 mil aves, e o motivo é bizarro mas explicável caso se perceba o modo funcionamento deste complexo solar. Equipado com milhares de espelhos instalados no solo e com uma orientação espacial variável e controlada por computador do modo a maximizar a exposição solar, forma-se um efeito "lupa" que concentra o fluxo de calor num ponto único - a caldeira - no qual água é convertida em vapor, e este faz depois funcionar uma turbina capaz de gerar energia elétrica. Assim se consegue "colher" energia solar, e assim também, e inesperadamente, se estão a queimar aves à taxa de uma a cada 2 minutos.


O problema está sinalizado, não parece ter sido antecipado por quem concebeu a tecnologia, e vem mostrar que a procura de fontes de energia limpa pode inadvertidamente criar problemas ambientais outrora inexistentes nos paradigmas energéticos que vêm substituir. No cômputo geral, e enquanto soluções para o problema estão a ser procuradas, importa recordar a publicação Sobre o rótulo ecológico de "verde" ser um processo e não um status definitivo, segundo Daniel Goleman, onde este  autor refere que nada do que é feito industrialmente pode ser totalmente "verde", apenas relativamente; (...) cada processo de fabricação tem impactos adversos em sistemas naturais em algum ponto ao longo do caminho. Como me confidenciou um ecologista industrial, "o termo 'amigo do ambiente' nunca deve ser usado. Qualquer coisa fabricada é-o apenas relativamente.

Fonte: Syracuse