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Sobre o Jellyfish Barge, um módulo flutuante de agricultura hidropónica autossuficiente de água à custa de dessalinização solar




O Jellyfish Barge é um módulo para o cultivo de culturas que não depende do solo, água doce e consumo de energia química. É uma estufa agrícola flutuante, capaz de purificar sal, água salobra ou poluída usando energia solar. É construído com tecnologias de baixo custo e materiais simples, também adequados ao paradigma de autoconstrução. Consiste numa base de madeira de cerca de 70 metros quadrados que flutua em tambores de plástico reciclado e suporta uma estufa de vidro para o cultivo.

Dentro da estufa, um método de cultivo hidropônico de alta eficiência fornece até 70% de economia de água em comparação com os sistemas hidropônicos tradicionais. A água necessária é fornecida por 7 unidades de dessalinização solar dispostas ao redor do perímetro, capazes de produzir até 150 litros por dia de água fresca e limpa a partir de água salgada, salobra ou poluída.

A destilação solar é um fenómeno natural: nos mares, a energia do sol evapora a água, que cai como água da chuva. O sistema de dessalinização solar da Jellyfish Barge replica esse fenómeno em menor escala. É modular, portanto, um único elemento é completamente autónomo, enquanto várias barcaças flanqueadas criam um organismo mais forte e mais resiliente.
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Esquema dos fluxos de água no módulo Jellyfish Barge.

Dessalinização na base da autosuficiência de água para a cultura agrícola:


Identificámos, por conseguinte, na dessalinização solar o sistema mais adequado para produzir água doce necessária. Trata-se de um procedimento incrivelmente siples: a água evapora-se sob a ação dosol, em seguida passa ao estado líquido através da condensação num ambiente fresco. O processo, como tivemos oportunidade de descrobrir no decorrer do nosso trabalho, fora usado pelos soldados norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial para a produção de água doce nos casos mais desesperados, como aquele, clássico e literário, em que foi necessário sobreviver numa ilha deserta desprovida de fontes de água doce. 

(..) De qualquer forma o seu princípio de funcionamento era muito simples e, a curto prazo, conseguimos projetar dessalinizadores que, usando o aquecimento solar, eram capazes de produzir na latitude mediterrânica mais de duzentos litros de água doce por dia, quantidade mais do que suficiente para satisfazer a necessidade do sistema hidropónico que iria permitir o crescimento ds plantas no interior da estufa.

(...) O único incoveniente era esta [a água] ser demasiado pura para os nossos propósitos. De facto, a água produzida por dessalinização solar é comparável à água destilada e não contém nenhum elemento mineral. Para contornar esta dificuldade, e ao mesmo tempo aumentar a reserva utilizável, misturávamos a água produzida pelos dessalinizadores com dez por centro de água retirada do mar. Desta forma, a primeira enriquecia-se com os sais minerais contidos na segunda, sem provocar nenhum fenómeno de toxidade nas culturas.
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Uma reportagem de divulgação do Jellyfish Barge: