As células de combustível microbianas (MFC) são considerada uma tecnologia sustentável para tratamento de resíduos celulósicos e recuperação de energia. (...) A microbiota intestinal do panda gigante pode fornecer potenciais microrganismos exoeletrogénicos degradadores de celulose devido ao consumo de uma dieta rica em fibras.
O panda gigante (Ailuropoda melanoleuca), que habita o oeste da China, tem uma dieta restrita composta principalmente de bambu (~12,5 kg de bambu por dia) com cerca de 55% de celulose (Dierenfeld et al., 1982). (...) A sua degradação de celulose é dependente da microbiota intestinal (Li et al., 2010). Além disso, recentemente, vários estudos estabeleceram uma estrutura para a composição da comunidade e as funções da microbiota intestinal do panda gigante via metagenómica. Os genes que codificam a celulase no panda gigante foram extraídos de 125 bactérias de 73 gêneros (Yang et al., 2018).
(...) A reciclagem de papel é amplamente realizada durante a produção industrial deste material, onde são geradas de 20 a 70 toneladas de efluentes para cada tonelada de papel produzido. As águas residuais de reciclagem de papel (PRW) compreendem resíduos de fibra e águas residuais para consumo (Pivnenko et al., 2015; Yan et al., 2012). As emissões das fábricas de reciclagem de papel (em base de peso seco) foram determinadas como tendo 34,1% de celulose e 7,9% de xilano (Marques et al., 2008). A celulose e o xilano não são efetivamente degradados quando comparados a outros compostos (cinzas, proteínas e gorduras) (Moussavi e Aghanejad, 2014; Zhang et al., 2012).
O MFC parece ser um método biológico promissor em comparação com os métodos tradicionais de águas residuais (Gude, 2016; Yang et al., 2020). O MFC é uma tecnologia sustentável para gerar energia a partir do tratamento de águas residuais e tem sido utilizada com sucesso em águas residuais municipais, de cervejarias e explorações animais (Abourached et al., 2016; Li et al., 2013; Liu et al., 2020). No entanto, devido à baixa taxa de utilização de águas residuais celulósicas para microrganismos, as estirpes disponíveis para o tratamento de PRW por MFCestão limitadas (Fan et al., 2015; Liu et al., 2015; Toczyłowska-Mamińska et al., 2015).
Neste trabalho (...) quando a estirpe LZ-P1 foi aplicada ao tratamento de efluentes de reciclagem de papel mediado por MFC, uma densidade de potência máxima de 44,05 mW/m2 e 8,72% de eficiência coulombiana foram atingidos em 72 h. Neste sentido, a estirpe LZ-P1 seria uma candidata potencial para este abordagem de gestão de resíduos celulósicos e de recuperação de energia.
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Fonte: R.Xu, K. Zhang, S. Xie, P. Liu, Z. Yu, H. Han, S. Zhao, L. Peng, X. Li, Evaluation of electricity production from paper industry wastewater by Cellulomonas iranensis LZ-P1 isolated from giant panda, Journal of Cleaner Production, 278 (2021) 123576.