Reatores Nucleares de Sais Fundidos (Molten Salt Reactor, MSR) (...) pertencem à geração IV (2030+) dos tipos de Central Nuclear (NPPs), a qual compreende projetos denominados “revolucionários” pela sua descontinuidade com as centrais nucleares da geração III/III+, que vigoram desde 1995. Os MSR são uma tecnologia de reator rápido ou térmico arrefecido por sais fundidos (molten salts) na fase líquida, moderado, na maioria dos casos, por grafite. Nesta tecnologia, o combustível pode estar na forma líquida ou sólida (Zheng et al., 2018).
Atualmente, há um interesse crescente em MSRs tanto na indústria quanto na academia. (...) Os elevados pontos de fusão e ebulição do sal permitem operar sob altas temperaturas (aumentando a eficiência na geração de eletricidade) e sob pressão atmosférica (diminuindo o risco de quebra significativa e perda de refrigerante por acidente).
Além disso, a oportunidade de dissolver materiais combustíveis no sal elimina a produçaõ e descarte de combustível sólido. Além disso, a oportunidade de remover constantemente do combustível líquido os produtos de fissão permite uma maior queima de combustível e menos calor de decaimento é gerado após se desligar o reator.
Os MSRs também são caracterizados por uma capacidade de desligamento passivo, tubagem de baixa pressão, coeficiente de reatividade a vácuo negativo e refrigerante quimicamente estável (Saraf et al., 2018; Zheng et al., 2018). Os MSRs podem ser projetados como “queimadores” ou “criadores” de resíduos nucleares. No caso dos “queimadores”, os MSRs têm o potencial de reduzir o lixo nuclear. No caso dos “criadores”, os MSRs poderiam estender muito os recursos de combustível nuclear (IAEA, 2020a; Zhou et al., 2020).
Dadas as suas características atraentes, o interesse em MSRs não é novo. Desde a década de 1950 até 2020, muitos conceitos e projetos de MSR foram propostos usando diferentes combustíveis de fissão (urânio, plutónio ou tório) e composições de sal (por exemplo, cloretos, fluoretos) (IAEA, 2020a; Serp et al., 2014). Nas décadas de 1960 e 1970, o Oak Ridge National Laboratory (ORNL) demonstrou muitos aspectos da tecnologia MSR com o MSR Experiment, onde o MSR funcionou por um período de tempo relativamente longo (15 meses), e a manutenção foi realizada com segurança e sem questões substanciais (Macpherson, 1985; Oak Ridge National Laboratory, 2010; Serp et al., 2014).
No entanto, embora haja um interesse de longa data e crescente em MSRs, não há MSRs em operação comercial, em construção ou planeados para operação comercial a curto prazo (IAEA, 2019).
Fonte: Mignacca, B., & Locatelli, G. (2020). Economics and finance of Molten Salt Reactors. Progress in Nuclear Energy, 129, 103503.